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Justiça abre processo contra doleira presa com euros na calcinha

Grupo comandado por Nelma Kodama foi investigado na operação Lava-Jato por remeter ilegalmente ao exterior cerca de 5,27 milhões de dólares em 2013. Funcionário do BB recebeu propina para ocultar crimes

Por Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
29 abr 2014, 16h52

A Justiça Federal do Paraná aceitou a denúncia oferecida contra a doleira Nelma Kodama e oito comparsas acusados de participar de organização criminosa investigada na operação Lava-Jato. Ela está presa desde o dia 15 de março, quando foi flagrada pela Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos com 200.000 euros escondidos na calcinha, quando embarcava em voo para Milão, na Itália. Para policiais que participaram do caso, ela soube clandestinamente que era investigada e tentava fugir do país. A operação Lava-Jato foi deflagrada no dia 17 de março e investiga a lavagem de cerca de 10 bilhões de reais.

Até o momento, 42 pessoas foram denunciadas pela força-tarefa do Ministério Público Federal por crimes investigados na operação Lava-Jato. O número pode aumentar nos próximos dias.

Nelma era próxima do doleiro Alberto Youssef, o principal alvo da operação Lava-Jato. Entre maio e novembro de 2013, a doleira conseguiu, com a ajuda de subordinados, enviar ilegalmente 5,27 milhões de dólares para o exterior, por meio de 91 contratos de câmbio fraudulentos que simulavam importações. O grupo de Nelma movimentou 103 milhões de reais em transações feitas por empresas de fachada entre 2012 e 2013, de acordo com rastreamento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

A quadrilha contava até com a ajuda de um gerente do Banco do Brasil para acobertar os crimes. De acordo com a denúncia de força-tarefa do Ministério Público Federal, Rinaldo Gonçalves de Carvalho, gerente da agência Campos Elíseos do Banco do Brasil em São Paulo, recebia propina para ajudar a movimentar contas de empresas de fachada e deixar de comunicar operações suspeitas ao Coaf. Ele chegou a alertar o grupo criminoso que as contas foram bloqueadas pela Justiça. Foram identificados pelo menos dois pagamentos, de 2.000 reais cada, em novembro de 2013 ao bancário. Carvalho vai responder por corrupção passiva, e Nelma, por corrupção ativa. A doleira e outros sete auxiliares também vão responder por crimes financeiros, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

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Doleiro com ligações no Governo do DF vira réu em novo processo – Em outro desdobramento da operação Lava-Jato, a Justiça Federal do Paraná também abriu processo contra o doleiro Carlos Habib Chater, um dos pivôs da investigação, que comandou uma série de operações de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. No mesmo processo, viraram réus o ex-secretário-adjunto de Transportes do Distrito Federal Júlio Luís Urnau e o policial militar Ricardo Emilio Esposito. Outros sete comparsas também foram acusados de crimes financeiros e participação em organização criminosa.

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Urnau era, segundo a PF, o “administrador de fato” da Valortur Câmbio e Turismo, uma das empresas de Chater. O ex-secretário chegou a ser preso em 2011 acusado de receber propina de uma cooperativa de transporte durante o governo de José Roberto Arruda.

Já o policial militar Esposito transportava recursos em espécie intermediados pela quadrilha de Chater. Outro funcionário do governo do Distrito Federal investigado pela ligação com Chater é o policial civil Clayton Rinaldi de Oliveira. Ele teve bens bloqueados por ordem da 13ª Vara Federal do Paraná. A polícia constatou que ele obteve dinheiro em espécie com a quadrilha comandada por Chater. Oliveira também fez transações consideradas atípicas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). De acordo com um relatório de inteligência financeira (RIF), o policial civil movimentou 947.267 reais de março a outubro de 2011 como pessoa física enquanto sua empresa Rinaldi Consultoria Empresarial girou 6,5 milhões de reais. E empresas ligadas a Chater estão na origem desses recursos. O agente da Polícia Civil recebeu cerca de 935.000 reais de um posto de gasolina que pertenceu ao doleiro e 344.500 reais de outro posto de combustíveis que ainda pertence a Chater.

Os investigadores suspeitam que o policial civil cometeu crime de lavagem de dinheiro, porque julgaram ser discrepante a movimentação financeira de sua empresa e os seus salários de policial civil.

O doleiro Chater motivou o início das investigações da Lava-Jato. Ele foi flagrado inicialmente em uma aparente operação de lavagem de dinheiro de recursos do deputado federal José Janene (PP), que morreu em 2010 e foi um dos acusados no processo do mensalão, esquema de compra de apoio político de parlamentares de PP, PL (atual PR), PTB e PMDB pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva. No começo do inquérito da operação Lava Jato, foi detectado que Chater aplicou recursos de Janene na Dunel Indústria e Comércio, empresa da qual o deputado era sócio. As transações foram feitas por duas empresas controladas pelo doleiro, sem indicar que os recursos originalmente pertenciam ao político.

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Chater já tinha virado réu, na semana passada, em outro processo por ter participado da lavagem de dinheiro de recursos provenientes do tráfico de drogas.

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