Julgamento do massacre do Carandiru é retomado nesta segunda-feira
Irão a júri 15 policiais militares acusados de matar oito detentos. Massacre de 1992 deixou ao todo 111 mortos em presídio
Começam a ser julgados na manhã desta segunda-feira mais quinze policiais e ex-policiais militares envolvidos no episódio conhecido como massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 detentos do presídio da Zona Norte de São Paulo, em outubro de 1992. Devido ao grande número de réus, a Justiça desmembrou o caso em quatro partes. Os réus são julgados de acordo com os andares invadidos no presídio. O critério é julgar o grupo de policiais militares que esteve em cada um dos pavimentos onde presos foram mortos.
Nesta terceira etapa do julgamento, quinze policiais militares são acusados do assassinato de oito detentos e tentativa de homicídios de pelo menos outros dois presidiários. Eles atuaram no 3º andar do Pavilhão Nove. Serão ouvidas onze testemunhas, sendo seis de acusação e cinco de defesa. A previsão é de que o julgamento desta fase dure uma semana. Um quarto júri está previsto para ocorrer março deste ano.
Em abril de 2013, 23 policiais que atuaram no episódio foram condenados a 156 anos de prisão cada um. Apenas três foram absolvidos após pedido da promotoria. Na segunda etapa, que aconteceu em agosto, 25 PMs receberam pena de 624 anos.
Histórico – Os julgamentos do massacre no Carandiru ocorrem mais de vinte anos após a invasão na Casa de Detenção, na Zona Norte de São Paulo. A ação terminou com a morte de 111 presos após a Polícia Militar entrar no Pavilhão nove para controlar uma rebelião. Antes destes júris, desde outubro de 1992, somente um acusado havia sido julgado: o coronel Ubiratan Guimarães. Ele foi condenado em 2001 a 632 anos de prisão, em júri popular, por ter dirigido a operação. Em 2006, o júri foi anulado pelos desembargadores do TJ. Meses depois da absolvição, Ubiratan foi morto a tiros no apartamento onde morava, nos Jardins. O processo do Carandiru tem ao todo 57 volumes, 111 apensos e 50.000 páginas.