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João Santana, o consultor-geral para agendas do governo

Além de comandar campanhas e aconselhar Dilma, marqueteiro do PT funcionava como 'ponte' para contato de diversos interlocutores com o governo

Por Da Redação 22 fev 2016, 18h01

Mais do que o marqueteiro oficial das campanhas presidenciais de Lula e Dilma, o jornalista e publicitário João Santana era praticamente o único quadro político com quem a petista se aconselhava nos momentos mais agudos da atual grave crise política e econômica. Mas e-mails em poder dos investigadores da Operação Lava Jato evidenciam que, aos olhos dos mais diversos interlocutores, Santana era mais: quase uma espécie de consultor-geral para agendas de governo, com influência na administração de outros países e até como contato preferencial de agentes em busca de reuniões com o ex-presidente Lula ou com a presidente Dilma.

Em novembro do ano passado, o ex-governador de Córdoba, na Argentina, José Manuel De la Sota, pede a intermediação de Santana para um encontro com o ex-presidente Lula. Com o atual presidente argentino Maurício Macri recém-eleito, De la Sota explica que gostaria de discutir com o petista a situação política da Argentina e a posição de Macri sobre uma reunião do Mercosul em dezembro. O marqueteiro rejeita então a possibilidade do encontro e avisa: “Presidente Lula está sob uma carga muito forte da ação adversária”. Na reunião semestral do Mercosul, Macri acabou pedindo a libertação dos presos políticos na Venezuela, país cujo presidente, Nicolás Maduro, é defendido pelo governo brasileiro.

Poucos dias antes, em 16 de outubro de 2015, mais uma mostra da “versatilidade” de João Santana. O diretor-superintendente da Odebrecht Angola, Jarbas Sant’anna, encaminha ao marqueteiro uma cópia do discurso proferido pelo vice-presidente do país africano, Manuel Domingos Vicente, classificado pelo executivo como “nosso amigo”. Vicente foi presidente do Conselho de Administração da petrolífera angolana Sonangol e foi citado pelo delator Nestor Cerveró como a pessoa que lhe assegurou que, em uma transação para a compra de blocos de petróleo pela Petrobras na África, até 50 milhões de reais acabaram desviados em propina para o financiamento da campanha presidencial de Lula em 2006.

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Conforme revelou VEJA, a Diretoria Internacional da Petrobras, que foi comandada por Cerveró, foi usada de forma sistemática com o objetivo de levantar recursos para campanhas eleitorais – com destaque para a campanha de Lula à reeleição, em 2006. Em um dos anexos de seu acordo de delação, Cerveró disse que “Manoel Vicente foi explícito em afirmar que desses US$ 300 milhões pagos pela Petrobras à Sonangol retornaram ao Brasil como propina para financiamento da campanha presidencial do PT valores entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões”. O delator apontou como negociador do lado brasileiro Antonio Palocci, que ocupava o Ministério da Fazenda e era membro do Conselho de Administração da Petrobras.

Ao analisar o conteúdo das mensagens, a Polícia Federal afirmou que “causa estranheza que as informações sobre o atual presidente e vice-presidente de Angola cheguem ao conhecimento de João Cerqueira de Santana Filho através de um executivo da Odebrecht”. O marqueteiro já é investigado por suspeitas de ter recebido da Odebrecht em Angola dinheiro pelos serviços prestados durante a campanha do petista Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, em 2012.

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