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João Santana admite caixa dois, mas diz que não sabe origem do dinheiro no exterior

Lava Jato não tem dúvidas de que o marqueteiro do PT e sua mulher sabiam da "origem espúria" do dinheiro distribuído em contas fora do país

Por Da Redação 25 fev 2016, 14h23

Guru das campanhas políticas do PT, o marqueteiro João Santana admitiu nesta quinta-feira, em depoimento à Polícia Federal, que não declarou dinheiro recebido de candidatos e disse que os recursos encontrados pelos investigadores da Operação Lava Jato em contas secretas no exterior são pagamentos por trabalhos eleitorais em países como Argentina, Panamá e Angola. Na tentativa de desqualificar as acusações de lavagem de dinheiro, o publicitário declarou que não sabia a origem dos milhões de dólares repassados às suas contas – dinheiro que, diz o Ministério Público, foi desviado do esquema de corrupção instalado na Petrobras. Para os investigadores não há dúvida: João Santana e a mulher, Mônica Moura, sabiam da “origem espúria” do dinheiro que escondiam no exterior. Santana também negou qualquer relação com o apelido Feira, encontrado na agenda de Marcelo Odebrecht.

“O indício que a gente tem de que João Santana e Mônica sabiam da origem do dinheiro é que eles trataram especificamente no caso dos desvios do Zwi Skornicki com uma pessoa que era representante e operador de propina na Petrobras”, disse o delegado Filipe Pace. Para o advogado Fabio Tofic, porém, desde o escândalo do mensalão, quando o então publicitário Duda Mendonça admitiu ter recebido dinheiro da campanha do PT no exterior, marqueteiros não estariam mais recebendo pagamentos de contas de campanhas brasileiras fora do país.

“Eles dizem que nunca suspeitaram e por ora continuam acreditando que nenhum desses recursos tenha qualquer relação com crimes cometidos no Brasil ou fora do Brasil. Se eles soubessem que qualquer desses recursos recebidos nos exterior de campanhas no exterior tivesse relação com algum crime certamente se recusariam a receber. Ninguém é maluco”, disse o defensor. “Eles não têm como saber de onde vem o dinheiro que os paga lá fora”, resumiu.

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“O que eles dizem é que a profissão e a atividade deles são complicadas nesse aspecto [financeiro], principalmente em alguns países. Aqui, depois do famigerado mensalão, essa prática foi acabada porque as pessoas se conscientizaram e ninguém tem coragem de fazer isso aqui. Você acaba recebendo nas suas contas, mas não tem como saber quem está te pagando. Você tem como identificar o valor recebido e saber que o cliente quitou a dívida que tinha. É muito difícil para quem precisa receber os valores, precisa pagar os seus fornecedores e funcionários ficar fazendo uma ampla investigação para saber de onde vieram esses valores, principalmente quando se trata de transações internacionais”, completou o advogado.

Em depoimento nesta quarta, a sócia e esposa de Santana, Mônica Moura, confessou aos policiais que recebeu pagamentos via caixa dois por meio do Grupo Odebrecht, investigado no petrolão sob a suspeita de pagar propina em contratos da Petrobras, e atribuiu os repasses de 4,5 milhões de dólares feitos pelo operador Zwi Skornicki a uma dívida do partido Movimento Popular de Libertação da Angola, em cuja campanha Santana trabalhou em 2012. O marqueteiro político, porém, disse não ter conhecimento da atuação da Odebrecht nos pagamentos a ele.

“Mônica confirmou que houve alguns pagamentos que foram feitos pela empresa Odebrecht em relação a uma campanha no exterior, mas o João não sabe disso. O João é um criador. Ele não trabalha com questão financeira, com questão bancária. Ele tinha pouco conhecimento de como eram feitos os pagamentos e de como eram os recebimentos”, alegou o advogado do casal.

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Conforme revelou VEJA, depois do repasse de documentos encontrados em fevereiro de 2015, durante a nona fase da Operação Lava Jato, investigadores detectaram indícios de que subsidiárias da empreiteira Odebrecht repassaram dinheiro a contas no exterior controladas por João Santana. VEJA também mostrou que, ao analisarem o material apreendido ainda na nona fase da Lava Jato, os investigadores encontraram uma carta enviada em 2013 pela esposa de João Santana, Mônica Moura, ao engenheiro Zwi Skornicki com as coordenadas de duas contas no exterior. Sócia do marido, Mônica indicava uma conta nos Estados Unidos e a outra na Inglaterra para os depósitos.

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