JMJ 2013: a cracolândia no caminho do papa Francisco
Arquidiocese do Rio sugere visita do pontífice às favelas de Manguinhos ou Mandela, na Zona Norte do Rio. Na próxima semana, Vaticano definirá agenda
Primeiro papa a visitar o Brasil em 1980, João Paulo II fez história ao incluir, em seu périplo pelo Rio de Janeiro, as ladeiras íngremes e estreitas do Vidigal. A encosta, à época repleta de barracos de madeira, ganhou fama e os moradores passaram a guardar um anel do pontífice, doado durante a visita. Trinta e três anos depois, a vinda do papa Francisco ao Rio também prevê a incursão da comitiva por favelas. Mas desta vez com alguns significados a mais. Um deles, o momento diferente da criminalidade na cidade – com praticamente todos os morros da Zona Sul ocupados pela polícia. O outro, o legado que a Igreja Católica estabeleceu como prioridade da Jornada Mundial da Juventude: o combate às drogas e, especialmente, ao crack, que atinge milhares de adolescentes e crianças nas grandes cidades brasileiras.
De acordo com a Arquidiocese do Rio, será criado na cidade um centro de referência no tratamento para dependentes de drogas. E o papa Francisco deverá conhecer a região onde se formou a maior cracolândia do Rio, junto às favelas de Manguinhos e do Jacarezinho, na Zona Norte – ocupadas pela polícia em outubro de 2012. As duas estão na lista de locais previstos para receber o pontífice.
Tema em Foco: Jornada Mundial da Juventude
O roteiro de Francisco no Rio será definido na próxima semana, com a visita de Alberto Gasbarri, chefe no Vaticano do departamento que se dedica às viagens internacionais. Gasbarri esteve no Brasil durante a vinda de João Paulo II e na visita de Bento XVI a Aparecida. Em janeiro deste ano, desembarcou na cidade-sede da jornada para visitar alguns locais cotados para a aparição do papa, como o Cristo Redentor. Agora, ele é quem vai definir a programação do pontífice, além dos atos oficiais que já estão confirmados.
Por enquanto, sabe-se que os pontos principais da JMJ são as celebrações de Copacabana, onde um coral vai recepcionar o papa e abrigar a via-sacra, e a vigília para cerca de 1 milhão de pessoas, em Guaratiba, a 60 quilômetros do centro do Rio.
O público total esperado para a JMJ é de cerca de 2 milhões de pessoas, com predominância de católicos de outros estados e fiéis latino-americanos. Entre os visitantes estrangeiros, espera-se um contingente representativo de argentinos, para festejar a primeira viagem internacional do papa de sua nacionalidade.
João Paulo II – Na visita de João Paulo II ao Brasil, em 1980, o pontífice havia demonstrado o desejo de conhecer uma favela. Um dos fatores que contribuíram para a escolha do Vidigal, morro localizado no Leblon, foi a existência de projetos sociais da Igreja católica no local. Assim que ficou decidida a favela, uma série de obras desembarcou por lá. O Vidigal ganhou postes de luz, novas lixeiras e corrimão. O papa entrou em um barraco, tomou café com o dono da casa e logo o morro ganhou fama no mundo. Preocupada com a segurança de João Paulo II, a pastoral chegou a elaborar um protocolo para os moradores que, entre as orientações, dizia para os moradores não correrem, não convidarem pessoas de fora para ir à favela no dia da visita do papa e fazer o possível para o pontífice se sentir em casa.
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