Janot diz que quadrilha do mensalão está demonstrada
Procurador-geral da República defendeu a manutenção da pena de quadrilha para cinco condenados pelo Supremo Tribunal Federal na ação do mensalão
Na retomada do julgamento dos últimos recursos do mensalão, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu nesta quinta-feira que o Supremo Tribunal Federal (STF) mantenha a condenação imposta a cinco mensaleiros pelo crime de formação de quadrilha. Ele sustentou que, ao contrário do que alegam as defesas dos condenados, a união de políticos, empresários e banqueiros não foi eventual, e sim “estável” e formada para a prática de crimes. “Não houve banalização do crime de formação de quadrilha. Pela prova colhida, está demonstrada essa associação estável inclusive para a prática de delitos”, disse.
Saiba como foi, passo a passo, a sessão do STF
Da tribuna, os advogados do trio petista José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares tentaram retomar a tese, amplamente alardeada pela militância do partido, de que a reunião dos condenados não foi criminosa – e, sim, fruto da criação do PT, em 1980. “Não houve jamais formação de quadrilha. Em 1980, houve a criação de um partido político, que, em 2002, construiu um projeto para esse país, projeto até hoje vencedor, apesar de tudo e todos que detrataram o governo, a partir de Roberto Jefferson, um mentiroso compulsivo quer engendrou a maior farsa da história política brasileira”, disse o advogado Luiz Fernando Pacheco, defensor de Genoino.
Em sua manifestação, o advogado também tentou esvaziar a tese da existência do mensalão justificando que, mesmo após o estouro do escândalo, o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, ambos do PT, conseguiram sair vitoriosos nas eleições. “O nosso povo quer ser comandado por quadrilheiros? Penso que não. Penso que o tribunal incorreu em grande equívoco [ao condenar os petistas por quadrilha]”, afirmou.
Janot também pediu que o Supremo rejeite os embargos infringentes apresentados pelos ex-dirigentes do Banco Rural Kátia Rabello e José Roberto Salgado.
Os recursos do trio que formou o núcleo operacional do mensalão – Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach – serão analisados na próxima quarta-feira, quando o relator Luiz Fux e os demais ministros devem decidir se livram ou não os mensaleiros do crime de formação de quadrilha. Na quinta-feira pela manhã, está agendada uma sessão extraordinária para ouvir os advogados dos mensaleiros que recorrem das condenações de lavagem de dinheiro.
A demora na análise dos embargos infringentes levou o STF a adiar o julgamento dos planos econômicos, originalmente marcados para os dias 26 e 27.