Itamaraty questiona Irã sobre comportamento de diplomata
Embaixada iraniana disse que houve mal-entendido devido a "diferenças culturais". Hekmatollah Ghorbani foi detido após mães de meninas o denunciarem por abuso sexual
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse estar preocupado com as denúncias de abuso sexual de menores de idade contra o diplomata iraniano Hekmatollah Ghorbani, de 51 anos. Patriota afirmou que ainda nesta semana enviará um pedido de explicações sobre o caso à Embaixada do Irã no Brasil. “Eu consideraria inaceitável se algum diplomata brasileiro se portasse daquela maneira em qualquer país”, disse. O documento deve ressaltar que a Convenção de Viena estabelece que todas as pessoas com privilégio e imunidades devem respeitar as leis do estado onde estão.
Patriota disse que, de acordo com a reação da embaixada iraniana, examinará que providências tomar. Na noite de quarta-feira, a representação diplomática do Irã publicou uma nota sobre o caso dizendo que houve um “mal-entendido” na interpretação dos fatos devido às “diferenças culturais” entre os dois países. Segundo a Agência Brasil, o texto também acusava a imprensa brasileira de ser discriminatória com relação ao Irã. Essa foi a primeira manifestação da embaixada iraniana desde que as acusações foram feitas, no último dia 14. A embaixada não deixa claro se enviou o diplomata de volta para o Irã nem se serão tomadas providências sobre o caso.
O Itamaraty ouviu familiares das quatro meninas vítimas de abuso, com idade entre 9 e 15 anos. A acusação é de que Ghorbani teria abusado das meninas na piscina do Clube da Vizinhança, em Brasília. De acordo com a mãe de uma das vítimas, o diplomata acariciava as partes íntimas das menores durante o mergulho na piscina. O diplomata foi detido na 1ª Delegacia de Polícia, mas liberado em seguida, por ter imunidade diplomática.
Brasil e Irã são signatários da Convenção de Viena, documento que assegura imunidade penal, civil e administrativa para agentes diplomáticos. Casado, com dois filhos, Ghorbani há dois anos exerce o cargo de conselheiro da Embaixada, a terceira maior função na hierarquia.
Leia no blog de Reinaldo Azevedo:
A nota asquerosa da embaixada do Irã. Ou: A reação de uma ditadura que odeia as mulheres
“Diferenças culturais”??? Por quê? No Irã, a cultura permite que um canalha de 51 anos acaricie a genitália de meninas? Ou o taradão, de fato desacostumado a conviver em ambientes públicos com mulheres e crianças em trajes de banho – já que aquela ditadura asquerosa o proíbe -, achou que tinha o direito de manifestar sua “cultura diferenciada”?
(Com Agência Estado)