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Ipea mostra uma revolução na família brasileira

Aumenta o número de lares em que mulheres e idosos são os principais provedores. Estudo tem como base a Pesquisa de Amostra de Domicílios

Por Da Redação
13 out 2010, 11h42

Em 1992, 39,1% das mulheres participavam do orçamento familiar junto com seu marido ou companheiro. Em 2009, esse percentual era de 65,8%

O envelhecimento da população e o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho estão provocando uma revolução nas famílias brasileiras. O aumento da proporção de mulheres e idosos – homens e mulheres – chefes de família é o principal fenômeno apontado pela análise apresentada nesta quarta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, a partir de dados da última Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD). O estudo do IPEA mostra que, entre 1992 e 2009, as famílias com e sem filhos chefiadas por mulheres passaram de 0,8% para 9,4% do total. Em números absolutos, isso significa que, em 2009, 4,3 milhões de domicílios brasileiros encontravam-se nessa categoria. No mesmo período, as famílias formadas por mães e filhos (portanto, chefiadas por uma mulher) passaram de 12,3% para 15,4%.

“Antes, o papel tradicional da mulher era casar e ter filhos. Hoje, isso passa a ser uma escolha, porque a carreira passou a ter um valor importante. Isso impacta os arranjos familiares”, explica Ana Amélia Camarano, coordenadora de População e Cidadania do IPEA.

Mirian Alves

Info A força do trabalho feminino

Essa mudança confirma a inserção do Brasil numa realidade mundial, e está estreitamente relacionada à crescente presença feminina no mercado de trabalho. A divisão tradicional de homem provedor/mulher cuidadora vai, aos poucos, virando coisa do passado. Algo confirmado também pelo impressionante crescimento da contribuição das mulheres à renda familiar. No total, essa participação passou de 30,1% para 40,9%. Mas quando se analisa o universo das mulheres cônjuge é que se tem ideia do tamanho da mudança. Em 1992, 39,1% das mulheres participavam do orçamento familiar junto com seu marido ou companheiro. Em 2009, esse percentual era de 65,8%.

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As mulheres, no entanto, não abandonam a condição de cuidadoras. Em 2009, 89,9% das mulheres ocupadas também se dedicavam aos afazeres domésticos, enquanto entre os homens essa proporção era de 49,6%. A dupla jornada ainda é mais pesada para as mulheres, que gastavam, em média, 21,8 horas semanais com esse tipo de tarefa – entre os homens, o tempo dedicado aos trabalhos do lar era de apenas 9,5 horas. “Hoje a mulher participa ativamente do mercado de trabalho, contribui na renda das famílias, mas continua mantendo o seu papel de cuidadora. Ou pelo menos tentando”, destaca Ana Amélia.

Revolução semelhante acontece na população idosa, que vem aumentando por dois motivos: a alta taxa de fecundidade registrada no passado e o aumento da expectativa de vida. No Brasil, a população com menos de 15 anos de idade passou de 33,8% do total em 1992 para 24% em 2009, enquanto na população idosa (com mais de 60 anos) houve crescimento: de 7,9%, essa faixa etária passou a representar 11,4%.

Ao mesmo tempo, a participação dos idosos na renda familiar cresceu. E não só pelos ganhos de aposentadorias e pensões, mas também pelos rendimentos vindos do trabalho. O que é uma boa notícia, porque mostra uma população menos dependente de filhos e netos. O número de idosos chefes de família aumentou, passando a ser a condição predominante inclusive para as mulheres. Em 2009, aproximadamente 13,8 milhões de pessoas com mais de 60 anos eram chefes de família. Destes, 42.7% eram mulheres. Em cerca de seis milhões de famílias em que o idoso era chefe ou cônjuge, havia filhos adultos, e em 2,3 milhões de famílias, havia netos. Nesses famílias, os idosos contribuíam com mais da metade da renda familiar, invertendo uma tradicional relação de dependência.

“Do ponto de vista da renda, os idosos não são mais um peso para as famílias. Pelo contrário. Eles contribuem com a renda familiar ou chefiam famílias”, ressalva Ana Amélia.

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São, no geral, boas notícias. Mostram o Brasil cada vez mais próximo do padrão demográfico dos países desenvolvidos. Por outro lado, são números que encerram um desafio nas próximas décadas. O país terá que estabelecer novas prioridades em suas políticas públicas, principalmente na saúde e na geração de empregos. Pelas projeções do IPEA, a partir de 2030, só continuarão a aumentar sua participação na população os grupos de pessoas de mais de 45 anos de idade. “O preconceito com o trabalho dos mais velhos terá que ser revisto, ou vai faltar gente para trabalhar”, conclui a pesquisadora.

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