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Inundações em Belo Horizonte afetam interior mineiro

Acúmulo rápido de água na capital, que tem 83% do solo impermeabilizado, compromete segurança das cidades construídas às margens de rios

Por Andréa Silva, de Belo Horizonte (MG)
9 jan 2012, 14h49

“Antes, existiam muitas casas, com grandes quintais, mas nos dias de hoje os principais municípios estão tomados pelos prédios e o concreto. A água da chuva que cai dos telhados agora corre e se concentram em ponto único, a conseqüência disso é o transbordo dos rios é córregos e os pontos de alagamento. É o morador da parte alta jogando água em quem mora na parte baixa”, diz consultor de engenharia ambiental Edézio Teixeira de Carvalho

Nos meses de verão, as nuvens no horizonte da capital mineira põem a população em um estado permanente de medo e tensão. Longe do mar, com bairros construídos em áreas de relevo irregular e cortada por ribeirões, a cidade de Belo Horizonte é solidária a São Paulo e Rio de Janeiro na complexa e desorganizada forma como permitiu a ocupação de seu solo. Um dos efeitos do descontrole, alerta o consultor de engenharia ambiental Edézio Teixeira de Carvalho, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), é o perigoso índice de impermeabilização do território urbano. Carvalho afirma que 83% da área de BH estão cobertos, e o que sobra para a água ser absorvida está nos parques e reservas ambientais.

“Antes, existiam muitas casas, com grandes quintais, mas nos dias de hoje os principais municípios estão tomados pelos prédios e o concreto. A água da chuva que cai dos telhados agora corre e se concentram em ponto único, a conseqüência disso é o transbordo dos rios é córregos e os pontos de alagamento. É o morador da parte alta jogando água em quem mora na parte baixa”, diz o especialista.

Ao todo, 104 cidades estão em estado de emergência devido às chuvas, nesta segunda-feira. A população mineira enfrenta, também fora da região metropolitana de BH, um efeito acumulado dos problemas de ocupação do solo e desmatamento. De acordo com o consultor da UFOP, as cidades ribeirinhas do interior mineiro são as que mais sofrem no período de cheias. Como explica Carvalho, a alta impermeabilização em Belo Horizonte cria um rápido acúmulo de água. Depois de alagar áreas da capital, a torrente chega rápido aos rios que cortam a cidade, elevando o fluxo nos cursos d’água quilômetros à frente. O que se vê nas cidades pequenas, construídas junto às margens, é uma inundação avassaladora.

“O fluxo de água dos rios em volume maior, somado aos detritos que acabam parando no fundo, não tem vazão. O resultado são as enchentes e o transbordamento”, explica ele.

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Desespero – A dona de casa Luiza Guedes não pôde comemorar a chegada do ano novo. Moradora do Bairro São Salvador, na Região Norte de BH, ela passou toda a noite de réveillon puxando a água que transbordou do córrego Sarandi e invadiu sua casa. A situação ficou pior porque a enchente rompeu os dutos da rede de esgoto. “A situação ficou insuportável por causa do mau cheiro. Não tinha para onde ir. A casa da minha mãe fica no mesmo terreno”, contou Luiza.

Mãe de um jovem portador de necessidades especiais que se locomove em uma cadeira de rodas, ela precisou pedir socorro aos vizinhos. Além do susto, a família perdeu quase todos os móveis. A mulher procurou a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) para informar sobre o rompimento da rede. Técnicos já vistoriaram o imóvel e fizeram as obras de reparo. Tensa, aguarda a próxima chuva, para saber se pelo menos o problema da rede foi solucionado.

A má notícia para a população de Minas Gerais é que o drama dos primeiros dias do ano podem se repetir ao longo do verão. O meteorologista Ruibran dos Reis, do Instituto Clima Tempo, aponta algo atípico nas chuvas deste ano. “O período chuvoso este ano está muito diferente em relação aos dos anos anteriores. Temos observado a incidência de massas polar chegando a Minas, o que não é comum nos verões. Elas estão facilitando a formação de chuvas de granizo”, disse o meteorologista.

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