Interpol aciona Paraguai para achar mulher de Abdelmassih
Paradeiro de Larissa é incerto. Departamento Geral de Imigração paraguaio crê que Larissa Sacco já tenha saído do país
Por Jean-Philip Struck, de Assunção, com imagens de Ivan Pacheco
21 ago 2014, 15h34
A Polícia Nacional do Paraguai, o equivalente à Polícia Federal no país, informou nesta quinta-feira que recebeu por meio da Interpol um alerta de busca e localização de Larissa Sacco, mulher do ex-médico Roger Abdelmassih. O pedido foi repassado para a polícia internacional pelas autoridades brasileiras e, segundo Paraguai, não inclui uma ordem de captura. Já as autoridades paraguaias acionaram a Interpol em busca de informações sobre Abdelmassih, para uma investigação contra ele por falsificação de identidade.
No momento, o paradeiro de Larissa é incerto. Jorge Kronawetter, diretor do Departamento Geral de Imigração, afirma que, aparentemente, a mulher se dirigiu para a fronteira e provavelmente já deixou o país. O órgão investiga a situação legal de Larissa e descobriu que oficialmente ela não havia entrado no país ou fixado residência usando seu nome verdadeiro. A suspeita é que, tal como Abdelmassih, ela tenha falsificado uma identidade e permanecido ilegalmente no Paraguai nos últimos três anos e meio. “Já sabemos que ela não entrou nem se fixou com seu nome verdadeiro”, disse Kronawetter.
Na quarta-feira, a polícia revelou que o ex-médico vinha usando um documento de identidade nacional paraguaia falsificado, com o nome de Ricardo Galeano, e com data de nascimento 06/02/1949. Segundo Kronawetter, o Departamento de Imigração já pediu uma investigação sobre o caso de Larissa. Se ainda estiver no país, ela também poderá ser expulsa do Paraguai. Ainda segundo Kronawetter, por causa da já confirmada situação ilegal de Abdelmassih e a suspeita sobre Larissa, o casal pode ser processado pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro, já que adquiriu bens no Paraguai sem documentos válidos. Abdelmassih já enfrenta uma acusação semelhante no Brasil.
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Já a Polícia Nacional afirma que vai abrir uma investigação para apurar as circunstâncias da falsificação da identidade de Roger Abdelmassih. Segundo a comissária Elisa Ledesma, o documento foi feito com material original e chegou a ser colocado em uma base de dados nacional, o que parece indicar que o ex-médico contou a assistência de algum funcionário público. Ainda assim, a identidade apresentava vários problemas. Um deles era a foto, totalmente fora dos padrões paraguaios, mostrando os ombros do retratado, algo irregular nesse tipo de documento. Além disso, os números estavam fora do padrão, e a marca d’água, fora de posição. “Assim que vimos o documento, isso virou um problema de polícia”, disse Ledesma.
Imobiliária – Segundo o dono da imobiliária Saturno, Miguel Portillo, que alugou a casa de luxo em Assunção para o casal Abdelmassih, Larissa deixou o imóvel junto com os filhos ainda na terça-feira, horas depois da prisão do marido. De acordo com ele, a mulher afirmou que ainda pretendia voltar para buscar objetos e pagar os cinco meses de aluguel em atraso. “Ela parecia abatida, mas disse que ia voltar e pediu desculpas por tudo”, afirmou. O valor mensal pago pelo ex-médico e sua família era de 5.000 dólares por mês. A casa tem 600 m², piscina, sauna, churrasqueira e jacuzzi.
A imobiliária já retomou o imóvel, mas afirma que pretende aguardar a volta de Larissa até o final do mês para fazer a retirada dos objetos pessoais do casal. O contrato de locação foi assinado em fevereiro de 2011, pouco mais de um mês após a fuga do ex-médico do Brasil. Segundo Portillo, Abdelmassih se apresentava como Ricardo e costumava pagar os aluguéis de maneira irregular, dando como desculpa que precisava aguardar a chegada do dinheiro do Brasil. “Ele me parecia uma pessoa excelente. Nunca deu mostras de que era médico. Só me interessava que ele me pagasse”, disse Portillo.
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