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Instruído pela defesa, Cachoeira se cala à CPI

Orientado pelos advogados a manter silêncio, contraventor aparenta nervosismo e diz que poderá falar ao Congresso no futuro

Por Gabriel Castro e Laryssa Borges
22 Maio 2012, 14h09

Como era esperado, o contraventor Carlinhos Cachoeira seguiu a orientação de seus advogados e anunciou vai permanecer calado durante todo seu depoimento à comissão parlamentar de inquérito (CPI), no Congresso Nacional, nesta terça-feira. Aparentando nervosismo e com as mãos trêmulas, ele não utilizou os 20 minutos que lhe foram concedidos na abertura da sessão e, como indiciado, não precisou prestar juramento ou se comprometer a dizer somente a verdade aos parlamentares.

“Estou aqui como manda a lei para responder o que for necessário. Constitucionalmente, fui advertido por meus advogados para não dizer nada e não falarei nada aqui. Somente depois da audiência que nós vamos ter no juiz, se porventura achar que eu deva contribuir, podem me chamar que eu virei para falar”, anunciou.

O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), que havia anunciado ter mais de 100 perguntas a serem feitas ao bicheiro, questionou Carlinhos Cachoeira sobre suas fontes de renda, a relação com de suas empresas com a Delta Construções e a propriedade de uma casa em Miami, no Estados Unidos. Sem conseguir qualquer resposta do depoente, Cunha desistiu de dar seguimento a seus questionamentos. “Tenho muito a dizer após a minha audiência, podem me convocar”, resumiu Cachoeira, ao lado dos advogados, em sua resposta-padrão.

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Apontado como o chefe de um esquema de contravenção e cooptação de autoridades públicas, o bicheiro Carlinhos Cachoeira chegou, abatido e escoltado, por volta das 13h desta terça-feira ao Senado Federal. O depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) começou por volta das 14h10.

Provocações – A primeira delas partiu do deputado Fernando Francischini (PSDB -PR), que ironizou a necessidade de um juramento por parte de Cachoeira: “Ele pode mentir, já é profissional nisso. Só queria que o relator perguntasse se ele é ele mesmo”. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) chamou o depoente de “marginal”: “Estamos diante de um marginal que sai do presídio da Papuda e vem aqui se manter em silêncio com a arrogância dos livres”.

O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) também provocou Cachoeira: sem obter quaisquer respostas, o parlamentar ironizou: “Queria dizer ao senhor Cachoeira que ‘nós não somos teu'” – referência ao episódio da troca de mensagens entre o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

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Apesar do silêncio de Cachoeira, mais de 60 parlamentares devem usar a palavra para indagar o contraventor. Mais do que tentar inutilmente obter respostas do contraventor, os parlamentares se esforçam para garantir sobre si os holofotes. Alguns deles, inclusive o relator Odair Cunha e o presidente, o senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB), propuseram a antecipação do fim do depoimento e a marcação de uma nova ida do contraventor ao Congresso em junho, após o fim da fase de instrução do processo a que Cachoeira responde na Justiça Federal de Goiás.

Abatimento – Vestido com terno cinza e gravata lilás, o contraventor desembarcou no anexo do Senado sem algemas e escoltado. Dentro do Congresso Nacional, a Polícia Legislativa ficará a cargo da segurança de Cachoeira. A esposa do bicheiro, Andressa Mendonça, chegou logo em seguida ao corredor de acesso à CPI.

Por volta do meio-dia, Thomaz Bastos e a advogada Dora Cavalcanti foram até a sala-cofre da comissão, onde estão armazenados os documentos das investigações policiais que levaram à prisão do contraventor. Nesta segunda-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou um pedido da defesa de Carlinhos Cachoeira, que tentava adiar o depoimento argumentando que não tivera tempo hábil para consultar os autos.

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Decisão – Na noite desta segunda, o ministro Celso de Mello, do STF, rejeitou pedido para que o depoimento de Cachoeira à CPI fosse adiado. Em decisão individual, Mello disse que os advogados do bicheiro já tiveram acesso aos dados sobre as investigações da Polícia Federal sobre o esquema, o que, segundo ele, garante o cumprimento do direito à ampla defesa.

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