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Indicado para secretaria-executiva do Ministério do Turismo deixou secretaria de Fazenda do DF em crise

Valdir Simão comprou briga com auditores fiscais ao apresentar proposta apelidada de "trem da alegria"

Por Luciana Marques
15 out 2011, 11h46

No dia 7 de outubro, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), anunciou a saída do secretário de Fazenda, Valdir Moysés Simão, indicado pela presidente Dilma Rousseff para assumir a secretaria-executiva do Ministério do Turismo. Em nota, o governador disse que Simão fez um trabalho “maravilhoso”. O que o texto não mencionou é que a saída do secretário ocorre de forma conturbada e em meio a uma crise instalada na secretaria de Fazenda do DF.

Simão foi indicado para o cargo de secretário-executivo do Ministério do Turismo pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. O nome foi oficializado após conversas entre a ministra, o governador Agnelo e o ministro Gastão Vieira. Simão ainda não tomou posse no cargo e continua trabalhando na secretaria de Fazenda do DF. Esta não é a primeira vez que ele ocupará um cargo no alto escalão do governo. Em 2005, foi nomeado presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pelo ex-presidente Lula.

Um dia antes de o ministro do Turismo, Gastão Vieira, divulgar o nome de Simão para ocupar o segundo cargo mais importante de sua pasta, o secretário passou por um constrangimento na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Ao ter o nome anunciado em uma comissão que discute o projeto para unificação dos cargos da carreira da fiscalização tributária, Simão foi vaiado. A reprovação partiu de auditores fiscais e estudantes inscritos no concurso para o cargo, cujo edital saiu em novembro de 2010, mas está paralisado.

Trem da Alegria – Simão é um dos apoiadores do projeto, assinado pelo governador Agnelo Queiroz. A proposta é criticada pelos sindicatos da área, que a consideram um verdadeiro “trem da alegria”. Isso porque agentes e fiscais – cargos predominantemente de nível médio e com salário inicial de 12.000 reais – seriam nomeados automaticamente auditores – cargo de nível superior e com salários de até 19.000 reais.

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Em consequência, o concurso para o cargo de auditor fiscal seria suspenso a fim de que a promessa de campanha do deputado federal eleito Paulo Tadeu (PT-DF), hoje secretário de Governo, fosse cumprida. Tadeu prometeu, durante o período eleitoral, a unificação da carreira. “Na época da eleição eles avaliaram mal, acharam que teriam um ganho com o voto dos fiscais. Mas a conta saiu cara”, afirmou o presidente do Sindicato dos Auditores da Receita do Distrito Federal (Sindifisco-DF), Jason Henrique Cares.

Manifestantes protestam contra unificação de carreiras durante Marcha Contra Corrupção em Brasília, no último dia 12
Manifestantes protestam contra unificação de carreiras durante Marcha Contra Corrupção em Brasília, no último dia 12 (VEJA)

Crise – O secretário de Fazenda diz que o concurso para auditor fiscal não será anulado, ainda que agentes ocupem parte das vagas, caso o projeto do governo seja aprovado pelo Legislativo. Simão também nega que sua indicação para o Turismo seja resultado da crise instalada no órgão que comanda. “Não imagino que relação possa ter uma coisa com outra”, afirmou.

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Em contrapartida, o deputado distrital Wasny de Roure (PT), que é bastante próximo de Simão, admite que a Secretaria de Fazenda enfrenta sérios problemas, que podem ter motivado a saída do secretário. “A controvérsia sobre a unificação dos cargos contaminou o clima interno de convivência de técnicos e auditores. O Simão tentou equacionar o problema, mas acirrou os ânimos ainda mais. É ruim a saída dele sem resolver esse problema”, disse.

Protesto – Revoltados com a proposta petista, mais de cinquenta auditores lotados na Secretaria de Fazenda abriram mão, no dia 22 de setembro, das funções de confiança que assumiam. Sem liderança, o órgão ficou paralisado. O serviço de atualização da base de cálculo do IPVA, por exemplo, corre o risco de não ficar pronto até o dia 2 de novembro, prazo de envio da proposta do imposto à Câmara Legislativa.

“Simão deixou a secretaria esfacelada. Ele deixou um legado difícil para quem vai substituí-lo no cargo”, afirmou o diretor de comunicação do Sindifisco-DF, Wilson de Paula. “Temos crise no setor de tecnologia da informação, crise com os servidores e um risco de desequilíbrio nas contas”, completou. O secretário de Fazenda do DF rebateu as críticas: “A secretaria está funcionando, não há nada paralisado e as contas estão equilibradas”.

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Saída – Em uma conversa informal com um funcionário do setor que é contrário à unificação das carreiras, o próprio governador Agnelo Queiroz teria admitido a derrota. “Vocês derrubaram o nosso secretário”, afirmou. Nos bastidores, Simão teria também outros motivos para deixar a Secretaria de Fazenda: não queria “sujar” o nome diante da briga entre os funcionários da pasta e também estaria insatisfeito com a ausência de benefícios, como auxílio-moradia, no cargo que ocupa na Secretaria de Fazenda. Ele paga aluguel para morar em um apartamento em Brasília e confessou a amigos que tinha benefícios melhores quando atuava na esfera federal.

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