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Incêndio destrói 40% da pesquisa brasileira na Antártida

Estimativa é de pesquisadores no Brasil. Clima seco e estrutura inflamável teriam contribuído para proliferação do fogo na Comandante Ferraz

Por Branca Nunes e Nathalia Goulart
25 fev 2012, 14h36

O incêndio ocorrido na madrugada deste sábado na Estação Comandante Ferraz, base militar brasileira de pesquisas na Antártida, comprometeu de 35% a 40% da pesquisa científica do país no continente gelado. Cientistas ouvidos pela reportagem de VEJA que receberam informações da base afirmam que o fogo destruiu praticamente toda a estação. Elas apontam ainda outros problemas de estrutura do projeto brasileiro.

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“Felizmente, a maior quantidade das pesquisas é feita em navios e acampamentos, mas perdemos uma boa parte desse material”, afirma Jefferson Simões, diretor do Centro Polar e climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que coordenou a implantação do primeiro módulo científico brasileiro no continente antártico, no fim do ano passado. Para a professora Yocie Yoneshigue-Valentin, coordenadora do Instituto Nacional da Ciência e Tecnologia Antártico de Pesquisas Ambientais (INCT-APA), os estragos do incêndio são inestimáveis. “Já fui informada por colegas que boa parte do nosso trabalho na estação foi comprometida. Pelas descrições, parece que o estrago por lá foi grande”, diz a pesquisadora.

“As informações que temos é que a estação teve perda total”, afirma Simões. “A estrutura é praticamente toda feita de madeira e plástico, com muitos eletroeletronicos. Todo o material é altamente inflamável. Além disso, o ambiente aquecido, com temperatura mantida em torno de 25° C, contribui para a proliferação do fogo.”

Simões esteve na Antártida no começo de 2012. Ele explica a dificuldade no combate a incêndios no continente. “O clima seco torna o ambiente extremamente perigoso nesses casos”, conta. “As pessoas normalmente não imaginam isso num lugar com tanto gelo, mas é difícil o acesso à água em forma líquida.”

Yocie, que coordena pesquisas sobre o meio marinho e terrestre da Antártida, afirma que 15 pesquisadores do INCT-APA estavam na Comandante Ferraz no momento do incêncio. Os projetos do INCT-APA são desenvolvidos na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e financiados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. “Todo o dinheiro público investido nas nossas pesquisas foi jogado no lixo com o fogo”, lamenta. “Devemos explicações para a sociedade sobre o incidente.” Yocie afirma que computadores avaliados em 120.000 dólares foram completamente destruídos.

“Estamos com um navio quebrado há dois meses ancorado no porto”, lembra Simões. “Hoje, foi divulgado o naufrágio de uma embarcação e, agora, essa catástrofe. Existe uma grande instabilidade financeira do Programa Antártico Brasileiro.”

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Os relatos sobre o incêndio a que Simões teve acesso até momento reforçam os rumores de que os dois militares desaparecidos estariam mortos. A Marinha, contudo, não confirma a informação. Outro militar ferido, cuja identidade não foi divulgada, foi transferido para a Estação polonesa de Arctowski, a dez quilômetros de distância da Comandante Ferraz. De acordo com o comunicado oficial, ele não corre risco de morrer. Outas 44 pessoas presentes na estação brasileira foram transferidas para a Base chilena Eduardo Frei. Em seguida, seguem para Punta Arenas, no Chile e devem retornar ao Brasil em breve.

O ponto vermelho no mapa abaixo indica a localização da base brasileira na Antártida:

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