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Incêndio atinge a Cidade do Samba, no Rio de Janeiro

Fogo destroi os barracões de Grande Rio, Portela e União da Ilha. Regulamento do desfile deve mudar para impedir que escolas sejam rebaixadas

Por Com reportagem de Leo Pinheiro e Cecília Ritto
7 fev 2011, 06h53

“A única coisa que não queimou foi a vontade de desfilar”, disse o presidente da Grande Rio, Hélio Oliveira

Um incêndio atingiu, na manhã desta segunda-feira a Cidade do Samba, no bairro da Gamboa, zona portuária do Rio de Janeiro. Os bombeiros foram acionados por volta das 7h30, e só pouco depois de 11h o incêndio foi controlado. Não houve vítimas. De manhã cedo, a monumental coluna de fumaça podia ser vista a quilômetros de distância.

Na Cidade do Samba funcionam as oficinas onde as escolas do Grupo Especial constroem seus carros alegóricos e boa parte das fantasias. O tipo de material utilizado – muito plástico, isopor, cola, madeira e tecidos – é altamente inflamável, o que facilitou a propagação das chamas. O bloco onde ficam os barracões da União da Ilha do Governador, da Portela e da Grande Rio e também o da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) foi destruído. As três escolas, que desfilam na segunda-feira de Carnaval, estavam com o trabalho bem avançado, e não conseguirão recuperar o que foi perdido em menos de um mês. A Liesa marcou uma reunião para esta noite, na qual deverá ser decidida a alteração do regulamento do desfile, para impedir que elas escolas sejam rebaixadas. As outras escolas também vão decidir sobre a ajuda que será dada às agremiações prejudicadas. Além de ajuda financeira, elas precisarão de espaço físico para tentar reconstruir pelo menos parte do que foi destruído. Como só existe um barracão vago na Cidade do Samba, possivelmente elas terão que utilizar áreas cedidas pelas concorrentes.

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Ailton Guimarães Jorge Júnior, prefeito da Cidade do Samba, estima o prejuízo em cerca de oito milhões de reais. Foram queimadas 2.800 fantasias da Portela, 3.300 fantasias e oito carros alegóricos da Grande Rio, e duas mil fantasias da União da Ilha. Mas os cálculos das escolas apontam para perdas muito maiores. Segundo o assessor da Grande Rio. a agremiação perdeu 14 milhões de reais – nove milhões referem-se aos carros, alegorias e fantasias do Carnaval 2011, e cinco milhões em materiais, computadores e maquinário utilizado no trabalho desenvolvido no barracão. “Onde havia cores e se produzia alegria só se vê preto, cinza e lágrimas”, lamentou Avelino. O presidente da escola, Hélio Oliveira, disse, aos prantos, que “a única coisa que não queimou foi a vontade de desfilar”. O prédio da Grande Rio ruiu, e os demais provavelmente tiveram sua estrutura comprometida. A Portela conseguiu salvar os carros alegóricos, e a União da Ilha também perdeu apenas parte do que estava no barracão. Toda a área está isolada.

O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, disse que ainda não sabe como o fogo começou. Ele contou que no andar térreo dos barracões ficam as alegorias e que nos dois andares superiores são reservados para confecção de esculturas das alegorias e fantasias. “Temos Brigada de Incêndio e estrutura, não sei o que pode ter acontecido. É uma perda sem tamanho”, disse Castanheira.

O clima na Cidade do Samba é de total desolação. Marisa Santos, 30 anos, passista há 13 anos na Grande Rio, ia sair pela primeira vez como destaque. “Minha fantasia estava pronta, era linda”, dizia ela, aos prantos. “Estou muito triste. Mas vamos para a avenida de qualquer jeito, nem que a gente saia de camisa branca.”

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Em entrevista ao jornal Bom Dia Brasil, da TV Globo, o prefeito Eduardo Paes garantiu que a reconstrução da Cidade do Samba começará ainda nesta semana – e descartou a possibilidade do episódio comprometer o Carnaval carioca. O prefeito, que desfila todos os anos na bateria da Portela, disse que “não há hipótese do Carnaval não acontecer, nem de que essas escolas não desfilem. A prefeitura dará todo o apoio às agremiações atingidas.”

A Cidade do Samba foi construída para dar às 12 escolas do Grupo Especial uma infra-estrutura condizente com a dimensão do Carnaval carioca. Ela foi inaugurada em 2005, em um terreno de 92 mil metros quadrados, próximo ao Cais do Porto e, também, do Sambódromo, o que facilita a movimentação dos enormes carros alegóricos das oficinas até a Marquês de Sapucaí nos dias de desfile.

Mapa da Cidade do Samba no Rio
Mapa da Cidade do Samba no Rio (VEJA)
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