‘Guerra no PMDB não vai parar’, diz Cunha
Embate mais recente foi a destituição do deputado Leonardo Picciani, aliado do Planalto, da liderança na Câmara - operação teve aval do vice-presidente Michel Temer
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, avalia que a disputa entra a ala pró-impeachment e os defensores da aliança com o governo Dilma Rousseff não vai parar no PMDB. Cunha disse nesta quinta-feira que o partido deve convocar uma convenção nacional extraordinária para discutir o desembarque do governo. O encontro estava agendado para março de 2016. A antecipação ganhou força depois de o vice-presidente da República, Michel Temer, escrever uma carta com uma série de queixas à presidente Dilma. O texto foi o estopim para um rompimento – embora o vice ainda prefira negar em público. “A relação política do PMDB está em ebulição, em franca discussão”, disse Cunha. “O PMDB deve e vai discutir se continua ou não, isso independente do processo de impeachment. Estou falando da relação política do PMDB com o governo. Tem muita confusão dentro do PMDB. Certamente o PMDB vai querer discutir se continua ou não apoiando o governo. Tem problemas sim do PMDB com o governo, o partido está dividido, rachado.” Cunha disse não saber qual ala do partido teria maioria atualmente: a que defende o impeachment de Dilma e o rompimento ou a que prefere manter a aliança com Dilma – e os cargos no governo federal. Segundo ele, quinze diretórios estaduais do partido já se posicionaram favoravelmente à antecipação da convenção nacional de março. A decisão também pode ser tomada pela Executiva Nacional do partido. Atualmente, deputados das bancadas de Minas, São Paulo e Rio Grande do Sul são favoráveis a um distanciamento do governo. Os principais antagonistas são o diretório do Rio de Janeiro e seus caciques, como o governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani. Eles deflagaram uma operação para restituir à liderança da bancada na Câmara o deputado Leonardo Picciani, visto como aliado pelo Palácio do Planalto. Cunha criticou as trocas de cargos nas esferas de governo do Rio para tentar aumentar a bancada do PMDB fluminense, o que garantiria a maioria de votos pelo retorno de Picciani. “Não sou favorável a esse tipo de método. Acho que tem de expressar a maioria daqueles que estão no partido sempre. Isso é uma guerra que não vai parar. O ideal era que se fizesse uma nova eleição. Tem que se resolver politicamente e não no tapetão”, afirmou Cunha.