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RJ: Governo beneficia empresas de sócio de líderes do PMDB

Empresário Mario Peixoto é sócio do presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Melo, e do presidente do PMDB fluminense, Jorge Picciani

Por Leslie Leitão 26 set 2014, 20h34

A íntima amizade entre o empresário Mario Peixoto, um dos maiores prestadores de serviços do Rio de Janeiro, com os dois principais líderes do PMDB no estado – Paulo Melo, o presidente da Assembleia Legislativa, e Jorge Picciani, presidente do PMDB fluminense – vai muito além da esfera privada. o site de VEJA revelou que o empresário, de quem Picciani e Mello são sócios e padrinhos de casamento, acumulou 480 milhões de reais em contratos com o governo do estado. Em novo levantamento junto ao Portal da Transparência do Rio, VEJA descobriu mais 31 milhões em contratos de uma empresa registrada em nome do filho e de um irmão de Peixoto, a Marton Hubell Engenharia, com o governo de Sérgio Cabral, também do PMDB. Desse total, 4,2 milhões de reais foram feitos pela Secretaria de Habitação, da qual o titular era o filho do presidente do PMDB, o deputado federal Leonardo Picciani. Com o novo levantamento, somam cinco as empresas de Peixoto beneficiadas por contratos com o governo do estado, e o volume de recursos passou de 480 para 511 milhões de reais.

A relação de Picciani e Peixoto é antiga. Segundo o próprio empresário, eles se conheceram e se tornaram amigos numa campanha eleitoral, na década de 90. Em 2009, compraram juntos um terreno em Búzios, na região dos Lagos, e formaram uma incorporadora imobiliária chamada Vila Toscana para construir ali um empreendimento. Nos registros da junta comercial, os Picciani — pai e filhos — aparecem como sócios na Vila Toscana por meio de uma agropecuária, a Agrobilara. Como o projeto não andou, a incorporadora de Búzios ficou existindo só no papel. Os dois continuaram próximos, tanto que Picciani convidou o empresário para ser padrinho do seu segundo casamento, em 10 de maio passado, com a jornalista Hortencia Silva Oliveira. Peixoto retribuiu a gentileza convidando Picciani para abençoar suas bodas com a mulher Carla Verônica Medeiros num castelo do século XV na cidade italiana de Bracciano (link para o vídeo), na Itália, realizado duas semanas depois. No altar, estava também o presidente da assembleia, Paulo Melo.

A Marton Hubell, que funciona numa sala apertada com dois empregados em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, começou a prestar serviços para o governo estadual em 2008, um ano depois do início da gestão peemedebista. O primeiro contrato com a secretaria de Habitação foi firmado no Natal daquele ano, poucos dias antes de Leonardo Picciani assumir o comando da pasta. O objetivo era realizar obras de infraestrutura em unidades habitacionais no município de Piraí, no sul do Estado, reduto de Luiz Fernando Pezão, então vice-governador e atual candidato à reeleição. Entre novembro de 2010 e janeiro de 2011, enquanto Leonardo era secretário, outros contratos vieram, dentre os quais o mais robusto era de 2,7 milhões para construir unidades habitacionais em Volta Redonda, vizinha a Piraí. Leonardo deixou a secretaria no final de 2011. Em seu lugar assumiu o irmão, Rafael. O presidente do PMDB, Jorge Picciani, diz: “Desafio qualquer um a provar que, nos meus 20 anos de vida pública, algum dia interferi em questões de estado”.

Mas não era só na Habitação que a Marton Hubell tinha boa entrada. Dos 31 milhões de reais que a empresa conseguiu em contratos, 14,1 milhões saíram da secretaria de Obras, administrada por Pezão. O maior deles, para a reurbanização de um bairro em Mesquita, também na Baixada Fluminense, tinha custo de 11,3 milhões. Os outros 13 milhões de reais vieram secretaria de Educação. “Já pedi uma apuração. (Mário Peixoto) É um fornecedor antigo do estado. Presta serviço para várias prefeituras desde o governo Marcelo Alencar”, disse Pezão ontem durante um ato de campanha.

Além de discreto e poderoso, Peixoto tem mostrado também que sempre está disposto a ajudar quando os amigos precisam. Em sua declaração ao TSE, Melo, que busca um novo mandato como deputado estadual, declarou ter recebido um empréstimo de 50 000 reais de outra empresa de Peixoto, a MVC Gestão de Ativos Empresariais Consultoria e Participações. Melo e Peixoto são sócios numa incorporadora que constrói prédios na zona Oeste do Rio. Através de sua assessoria, o presidente da Assembleia Legislativa diz não ser sócio de Mario, e sim de seu irmão e filho. Sobre o empréstimo, afirmou por nota: “As informações referentes ao patrimônio do presidente se encontram na declaração de Imposto de Renda por ele encaminhada à Justiça Eleitoral, por ocasião do registro da sua candidatura”.

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