Governo do Rio alerta para risco de epidemia de dengue no estado
Entrada do tipo 4 da doença no Rio e as fortes chuvas aumentaram o risco. Estado investe em tecnologia contra o mosquito
Todos os municípios do Rio, com exceção da capital, correm risco de ter epidemia de dengue nos próximos meses. De acordo com o superintendente estadual de Vigilância Ambiental e Epidemiológica, Alexandre Chieppe, a presença do vírus 4 da dengue no estado, que entrou no Rio em 2012, e a falta de imunidade da população contra o vírus aumentam o risco.
“O risco é alto principalmente na Baixada Fluminense, São Gonçalo, Niterói e os municípios do interior, como Santo Antônio de Pádua Aperibé”, disse Chieppe nesta terça-feira, no Palácio Guanabara.
O médico explicou que, apesar do estado ter notificado 26 casos suspeitos da doença nas primeiras semanas do ano – número considerado baixo -, isso não descarta a possibilidade de epidemi. O número de casos geralmente começa a aumentar em fevereiro, observou. Segundo Chieppe, o pico de transmissão da dengue ocorre em março e abril. As mudanças de gestão nas prefeituras, principalmente naquelas em que não houve um processo de transição, é outro desafio.
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“Alguns municípios não fizeram o plano de contingência da dengue para os sucessores. Estamos vendo prefeituras empenhadas, mas que recebem a cidade com índice de infestação alto”, disse o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes.
A maior preocupação, disse Côrtes, é com a Baixada Fluminense, principalmente Nova Iguaçu. A cidade, que acumulou toneladas de lixo nas ruas em dezembro e nas primeiras semanas de janeiro, foi a mais afetada pelas fortes chuvas do início do ano. “Com as chuvas, os ovos do mosquito transmissor da dengue foram espalhados pela cidade”, alertou Côrtes.
A cidade reúne ainda dois agravantes: uma população que não teve contato com o tipo 4 da doença e que, portanto, não tem imunidade. E, ao mesmo tempo, já teve outros tipos da doença – 1, 2 e 3 -, ficando mais vulnerável às formas graves da doença.
Nesta terça-feira, o governador Sérgio Cabral lançou, no Palácio Guanabara, o projeto Monitora Dengue. Agentes de saúde usarão smartphones para vistoriar as residências em busca de focos do Aedes aegypti. O objetivo é o mapeamento dos imóveis em tempo real, o que possibilitará maior velocidade nas ações de combate ao mosquito. Além disso, será possível monitorar o trabalho de cada agente com o auxílio de GPS. Segundo o governo do estado, a previsão é que 10 mil aparelhos sejam entregues aos municípios que aderirem ao projeto.
Outra medida anunciada nesta terça-feira é a introdução de um programa de computador que auxiliará a triagem e o atendimento do paciente com suspeita de dengue nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA). O prontuário eletrônico, onde o médico marcará dados como sintomas e doenças pré-existentes, ajudará na classificação de risco. Os pacientes com a suspeita de dengue que não necessitarem de internação imediata receberão mensagens por celular com informações sobre sinais de agravamento da doença.
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