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Governador interino ameniza denúncias e defende prefeito: “Quem não tem uma arma em casa?”

Dôglas Evangelista, presidente do Tribunal de Justiça e governador interino do Amapá, quer a volta do governador preso e defende o prefeito Roberto Góes (PDT), flagrado com uma espingarda

Por Gabriel Castro, de Macapá
12 set 2010, 10h57

“Tem um deputado que é brincalhão e, telefonando, falou: “o Roberto arranjou uma linha de ônibus pra fulano, e eu que não ganho uma?” Mas era de brincadeira”

Dôglas Evangelista não quer problemas. Aos 66 anos, o presidente do Tribunal de Justiça do Amapá afirma que vai trabalhar para manter o status quo no estado que teve o governador, a primeira-dama, um ex-governador, o presidente do Tribunal de Contas e três secretários de estado presos durante a Operação Mãos Limpas, da Polícia Federal. Em entrevista a VEJA.com, o governador interino contemporiza as denúncias contra os principais envolvidos no caso. E defende a volta de Pedro Paulo Dias (PP) ao cargo.

O senhor vai usar o governo para sanar as irregularidades ou apenas impedir que a máquina pare?

O ministro João Otávio Noronha [relator do caso no Superior Tribunal de Justiça] pediu que eu assumisse e colocasse gente da minha confiança nos postos-chave. Exatamente para que mantivesse o status quo. Muitas coisas ainda estão sendo investigadas, então deixa como está até o governo retornar. Acho que o governador tem que retornar e fazer um levantamento dos contratos. O governador não é ordenador de despesa nenhuma, são os secretários. Lá uma secretaria é de um partido, outra de outro. E todo mundo trabalhando dentro da secretaria para eleger alguém. As empresas beneficiadas são as que bancam a campanha. Desde a época do Capi [João Capiberibe, do PSB], que governou o estado (1995 a 2002).

Como soube que tinha virado governador?

Eu fiquei sabendo na hora, quando bateram na minha porta. Eu não tinha dormido bem, e às 7 horas chegou a Polícia Federal lá em casa, dizendo que o diretor-geral da PF [Luiz Fernando Correa] e o ministro João Otávio Noronha queriam falar comigo. Eles me explicaram que estava havendo essa operação, pediram para eu colaborar e manter a ordem. Nós conversamos numa teleconferência por mais de uma hora.

As denúncias de superfaturamento em contratos são novidade?

Isso já vem de muitos anos. Mas a Polícia resolveu apurar só de 2003 para cá. Se apurasse para trás, ia encontrar. Eles fazem uma licitação na área de segurança, que envolve muito dinheiro. Contratos de cento e poucos milhões. Quem foi desclassificado entra com um mandado de segurança e ganha uma liminar para ser colocado de novo no certame. Já que tem uma liminar, o governo cancela a licitação e contrata uma empresa por um ano. Aí, abrem outra licitação e vem outro mandado de segurança.

Acha que pode ter havido influência política nessa operação?

Não acredito. O ministro diz que só foi possível realizar a operação agora. Foi um trabalho minucioso da Receita Federal e outros órgãos. Eles tinham de elaborar laudos de movimentação financeira, o que é demorado. Dizem que essa operação iria acontecer em julho, mas não deu certo. Teve que ser adiada para agora. O ministro não me disse o motivo, mas disse que não podia ser depois das eleições.

Além de integrantes do governo, o presidente do Tribunal de Contas, José Júlio de Miranda, também foi preso. Os policiais encontraram carros de luxo numa casa que ele tinha em João Pessoa. Como o senhor vê esse caso?

Ele já foi comandante da PM, três vezes deputado, conselheiro, acumulou muito dinheiro. Mas emprega. Vai empregando e vai crescendo. Não creio que seja ilícito.

Além dele, o prefeito Roberto Góes (PDT) também foi levado para depor à Polícia Federal.

Mas foi coisa banal. Tem um deputado que é brincalhão e, telefonando, falou: “o Roberto arranjou uma linha de ônibus pra fulano, e eu que não ganho uma?” Mas era de brincadeira. Eles também fizeram um aparato e acharam uma arma lá. Quem é que não tem uma arma em casa? Eu mesmo tenho a minha. Mas está tudo registrado.

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