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Gabeira: número de partidos provoca ‘caos político’

Ex-deputado federal participou da terceira mesa de discussões do fórum “O Brasil que temos e o Brasil que queremos”, promovido por VEJA nesta segunda-feira

Por Da Redação 23 Maio 2016, 13h32

A terceira mesa de discussões do fórum “O Brasil que temos e o Brasil que queremos”, promovido por VEJA nesta segunda-feira, tratou da reforma política necessária ao país. Participaram do debate mediado pelo redator-chefe de VEJA Policarpo Júnior o ex-deputado federal Fernando Gabeira, o cientista político Bolívar Lamounier e o matemático Artur Avila.

No discurso que abriu a mesa, Gabeira ponderou que o número elevado de partidos com representação no Congresso Nacional leva ao “caos” da governabilidade, na medida em que o ocupante do Palácio do Planalto se vê obrigado a buscar uma coalizão muito ampla e baseada na distribuição de cargos. Segundo Gabeira, a cláusula de barreira, que condiciona o funcionamento de um partido e o acesso ao fundo partidário ao desempenho das legendas nas eleições e foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2006, seria uma das principais medidas a serem implementadas em uma reforma política.

Ainda como aprimoramento da relação entre Executivo e Legislativo, e passadas as votações da admissibilidade do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Congresso, Gabeira afirma que o momento permite a discussão da implantação do parlamentarismo como modelo de governo. “Agora existe um campo mais favorável no entendimento do parlamentarismo como solução para as crises. A crise do impeachment agravou muito a crise econômica”, afirmou o ex-deputado.

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Além do parlamentarismo e da cláusula de barreira, Fernando Gabeira observa como necessárias revisões no foro privilegiado a parlamentares e membros do Executivo, no modelo eleitoral e na divisão do horário eleitoral gratuito. Para Gabeira, a classe política conta com a impunidade não por “achar o STF mais brando, mas que o STF não tem condição de abarcar esse numero de processos”. Ele também entende que o voto distrital “pode realizar avanços” e o horário eleitoral iguala “partidos ideológicos” aos demais. “Precisamos chegar a um sistema em que os candidatos dos partidos façam alguma coisa semelhante às previas norte americanas. A televisão reduz à imagem e à emoção. O que você tem é as pessoas oferencendo o maior numero de bondades, que é a base do populismo”, avalia o ex-deputado.

Gabeira afirma, no entanto, que “falta combinar com os russos”, ou seja, os parlamentares. “Como existem muitas pessoas (no Legislativo) investigadas e passiveis de condenação, elas cada vez mais se unem para obstruir a Justiça”. O exemplo citado pelo ex-deputado federal é o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que segundo Gabeira, sem foro privilegiado, “já estaria preso há muito tempo, e não sairia mesmo com delação premiada”.

No debate, Bolívar Lamounier afirmou que “reforma política é consenso, mas ele desaparece quando dizemos o que queremos fazer para a reforma política” e que a dinâmica dos interesses no Congresso forma partidos informais, “como o ruralista, o da bala”. Segundo o cientista político, “o conjunto das nossas instituições são uma receita perfeita para nos não darmos nunca esse salto (reforma). Instituições anêmicas, discutem esse assunto monotonamente, sem uma discussão aprofundada”.

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Assim como Gabeira, Lamounier entende que o número de partidos é o principal problema do sistema político brasileiro. Para o cientista político, o parlamentarismo poderia funcionar como um fator de redução do número de siglas. “A cláusula de barreira nem seria necessária nesse caso”, conclui.

Embora não atue no setor político, o matemático Artur Ávila disse que um encontro com a presidente afastada Dilma Rousseff o deixou espantado com o modo como os partidos manuseiam as estatais. “Ela falou na Petrobras. Me impressionou como (a Petrobras) é vista como um braço do governo, essa empresa cria uma tentação muito grande de fazer o aparelhamento desse órgão”.

Para o matemático, seria ideal colocar “uma pessoa que entenda de ciência, que tenha uma visão do que é fazer ciência” à frente do Ministério da Ciência e Tecnologia, fundido à pasta das Comunicações no governo interino de Michel Temer e comandado por Gilberto Kassab.

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