Funcionários dos Correios decidem manter greve
Sindicatos dos principais estados rejeitaram acordo feito entre a empresa e representantes da categoria
Em assembleia geral nesta quarta-feira, funcionários dos Correios e Telégrafos dos principais estados brasileiros decidiram manter a greve da categoria que já dura 21 dias. Na terça, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) selou um acordo com os Correios aceitando a proposta de reajuste de 6,87% a partir de 1º de agosto e aumento linear de 80 reais a partir de 1º de outubro. No entanto, a decisão ainda precisava ser referendada pelos sindicatos estaduais.
De acordo com o regimento da categoria, se 18 sindicatos rejeitassem a proposta da emrpesa, a paralisação continuaria em todo o país. Até as 18h desta quarta, 23 dos 35 sindicatos preferiram manter os braços cruzados. Entre eles estão unidades do Distrito Federal e dos principais estados do país – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Paraíba, Sergipe, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo e Alagoas. O resultado das assembleias dos doze sindicatos restantes não foi concluído, mas a tendência, segundo diretores da Fentect, é que todos sigam a maioria.
As reivindicações permanecem: aumento real de 400 reais, piso salarial de 1.635 reais e reposição de 7,16% referente à inflação entre os anos de 1994 e 2002, o que totalizaria 24,76% de ajuste. De acordo com a Fentect, o principal ponto de divergência é a insistência dos Correios em descontar os dias parados. Dos 21 dias da greve, 15 seriam compensados em finais de semanas e seis seriam descontados a partir de janeiro de 2012 parcelado em 12 vezes.
Os atrasos de correspondências também continuam e já somam 136 milhões de objetos, o que representa três a quatro dias de carga postal.
Acordo – A Fentect, responsável pelo comando de greve, orientou os trabalhadores a aceitarem o acordo feito na terça. Caso contrário, o aviso feito pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), que intermediou as negociações, pode ser cumprido. “A ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi [do TST] declarou que, caso não houvesse entendimento entre as partes, encaminharia a questão para dissídio coletivo a ser julgado”, informou a federação em nota divulgada em seu site. O comando acrescenta que, segundo a ministra, a jurisprudência é desfavorável à categoria, que poderá ser condenada a ressarcir os dias parados, e o aumento real de salário seria “praticamente impossível de ser apreciado pelo relator”.
Na próxima segunda-feira, representantes dos Correios e da Fentect se reúnem novamente para avaliar o resultado das assembleias. Se não houver novas propostas no encontro, o TST deverá cumprir a promessa de encaminhar o caso para dissídio coletivo.