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Fracassa manobra de Bruno para adiar julgamento

Goleiro destituiu principal advogado e pede prazo para escolher defensor. Juíza, que já multou representantes do ex-policial Bola por tumultuar o júri, negou pedido e manteve ex-jogador do Flamengo no banco dos réus

Por Da Redação
20 nov 2012, 09h58

Os advogados dos acusados de matar a jovem Eliza Samudio são, mais uma vez, os personagens principais do júri, que acontece no Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Depois da confusão montada por Ércio Quaresma e Zanone Manoel Oliveira Júnior, que resultou no desmembramento do processo referente ao ex-policial Bola na segunda-feira, o goleiro Bruno Fernandes destituiu seus defensores nos primeiros minutos da sessão desta manhã. Breno Melaragno, professor de direito penal da PUC-Rio e conselheiro da OAB, explica que desmembrar o processo significa separar o julgamento de um dos réus. Dessa forma, um ou mais réus podem ter júris independentes, apesar de terem cometido crimes conexos. Decisões de agora, no entanto, podem influenciar o resultado do júri de Bola.

SAIBA COMO FOI O PRIMEIRO DIA DE JÚRI

O jogador, acusado de ser o mentor do sequestro e da morte de Eliza Samudio, destituiu Rui Pimenta, que comandava sua defesa. O objetivo da decisão do jogador viria à tona nos segundos seguintes: Bruno pediu à juíza Marixa Fabiane Rodrigues, depois de destituir seu representante, um novo prazo para escolher quem o defenderia no júri. A magistrada negou, afirmando que ele tem outro advogado nomeado, Francisco Simim. Julgando-se mais astuto que os demais presentes – e certamente orientado por advogados -, Bruno sacou rápido: “Também quero destituir Francisco Simim”.

A manobra, em tese, poderia proporcionar a Bruno o mesmo que havia conseguido o ex-policial Marcos Aparecidos dos Santos, o Bola, que teve seu processo desmembrado. Ao ser perguntado sobre os motivos da decisão, Bruno alegou “não querer prejudicar Dayanne Souza”, sua ex-mulher. Simim, que atua na defesa de Bruno com outros advogados, é o único defensor de Dayanne. O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro, nesse momento, apresentou uma solução: pediu o desmembramento do processo de Dayanne, que responde por sequestro e cárcere privado (envolvida na trama, ela ficou com o menino Bruninho enquanto Eliza era mantida presa no sítio do jogador). A juíza aceitou o pedido e negou a destituição de Simim como defensor do atleta.

Pimenta, obviamente, não admite a manobra, e afirmou, ao deixar o fórum, que foi uma decisão pessoal de Bruno. Simim, que agora está sobrecarregado, com duas defesas (Bruno e Dayanne), não escondeu a estratégia. “Foi uma estratégia conjunta para tentar desmembrar o (processo do) Bruno também, mas a juíza está usando mão de ferro e não conseguimos fazer isso”, disse. Segundo Simim, a magistrada estaria disposta a seguir com o júri do principal acusado de matar Eliza, ainda que para tanto fosse nomeado um defensor público.

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Mantida essa decisão, Dayanne Souza deverá ser julgada junto com Bola, em um novo júri a ser marcado pela Justiça de Minas Gerais. O prazo inicial é de 10 dias, a contar de segunda-feira, mas é provável que o novo julgamento demore ainda mais, dada a previsão de duas semanas para o júri em curso. Especialistas ouvidos pelo site de VEJA avaliam que, sem a pressão popular, que pesa principalmente sobre Bruno, um ex-atleta famoso, o novo júri de Bola e Dayanne pode representar uma chance de absolvição. O ex-policial, aliás, foi absolvido em um julgamento no início do mês no caso do homicídio de um ex-carcereiro da Polícia Civil. Sendo dois Tribunais de Júri distintos, existe o risco, segundo Melaragno, de um julgamento contrariar o outro: ou seja, um júri considerar que houve assassinato, e o outro, não

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Os movimentos dos dois primeiros dias de julgamento evidenciam a intenção dos advogados de defesa de cansar a juíza, tumultuar as sessões e confundir os jurados. Mas há prejuízos também para os réus. O ex-policial Bola, primeiro a ter o processo desmembrado, tem a seu favor o fato de ser julgado sem a mesma pressão e o apelo popular que cercam o julgamento de Bruno. Mas dificilmente escapará, por exemplo, de decisões de agora que confirmem algumas teses da acusação – as mais importantes delas as confirmações de que Eliza foi assassinada e a de que o crime ocorreu na casa do ex-policial, em Vespasiano.

Assistente da acusação, José Arteiro Cavalcante de Lima não tem dúvida de que a destituição de Rui Pimenta foi algo premeditado pela defesa. Arteiro diz que não vai ser surpresa se Pimenta voltar ao caso. “A defesa mostra que não quer fazer o júri. A saída que encontraram é essa”, avaliou.

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Homicídio – A destituição de Rui Pimenta como defensor de Bruno vinha sendo cogitada desde a semana passada. Quem levantou essa possibilidade foi outro advogado, Ércio Quaresma Firpe, que disse – ‘de brincadeira’, segundo ele próprio – que bastaria uma “piscada de olho” para o goleiro confirmar sua intenção de trocar de advogados.

O principal motivo para a troca é a variação na estratégia de defesa traçada por Pimenta. Inicialmente, como disse em entrevista a VEJA, Pimenta afirmou que só assumiria o caso se Bruno admitisse que Eliza Samudio foi assassinada, que houve o crime. A partir daí, sustentaria que Bruno não sabia do crime. Em seguida, Pimenta mudou de posição, e passou a negar a existência do assassinato, tentando, inclusive, apresentar “indícios” – não comprovados, todos eles – de que a jovem estaria viva “no Leste europeu”.

Para justificar a ‘opção’ do cliente, Pimenta brincou: “Ele me chamou, quis trocar a estratégia e eu respeitei. Às vezes você vê alguém que não gosta do Neymar”.

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(Reportagem de Pâmela Oliveira, Leslie Leitão e Pollyane Lima e Silva)

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