Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Fleury volta a defender ação da PM: ‘Se estivesse no gabinete, teria mandado entrar’

Nesta fase, 25 PMs respondem por 73 das 111 mortes ocorridas no segundo andar do Pavilhão Nove do presídio, em outubro de 1992

Por Jean-Philip Struck
30 jul 2013, 12h52

O ex-governador Luiz Antonio Fleury voltou a defender nesta terça-feira a ação da Polícia Militar que resultou no chamado massacre do Carandiru, em outubro de 1992. Fleury foi uma das testemunhas convocadas pela defesa dos PMs que respondem por 73 das 111 mortes ocorridas no segundo andar do Pavilhão Nove do presídio.

Sob o olhar dos réus e do júri, o ex-governador repetiu o que já havia falado na primeira fase do julgamento, em abril, quando outros 26 PMs foram a julgamento por quinze mortes que ocorreram na mesma ação. Vinte e três deles foram condenados a 156 anos de prisão cada. Nesta terça, a advogada Ieda Ribeiro, que defende os PMs, apresentou um atestado de óbito, reduzindo para 25 o número de réus nesta fase do julgamento.

O ex-governador disse que estava viajando pelo interior de São Paulo quando ocorreu a rebelião no Pavilhão Nove. Ele afirmou que não deu a ordem para a entrada da PM no local, mas disse que, se estivesse em seu gabinete na ocasião, teria autorizado a ação policial na Casa de Detenção.

Continua após a publicidade

“A entrada da PM foi legítima e necessária. Se eu estivesse em meu gabinete e, com as informações que estavam disponíveis, teria dado a ordem para entrar. A responsabilidade política é minha. O governo era meu”, afirmou. “Minha polícia não se omitia. No meu governo não tinha preso jogando futebol com a cabeça de outro preso”, afirmou.

Ao falar da demora na divulgação do número de mortos na ação, o ex-governador negou que tenha promovido uma operação para esconder o número e não prejudicar o resultado eleitoral dos candidatos apoiados pelo seu governo – a ação ocorreu na véspera da eleição municipal de 1992.

“Determinei que só fosse informado quando o número fosse oficial. Não teve abafa, mas uma dificuldade de contar [o número de mortos]”, disse Fleury. O número completo de mortos só foi divulgado no dia 3 de outubro, pouco antes do fechamento das urnas.

Continua após a publicidade

Oficialmente sem cargo político, Fleury trocou o PMDB pelo PTB, foi deputado federal de 1998 a 2006 e depois não conseguiu mais se reeleger. Em 2011, voltou para o PMDB. O ex-governador nunca foi responsabilizado criminalmente pelas ações da polícia no Carandiru.​

Leia também:

Carandiru: PMs condenados só cumprirão pena após 2020

Continua após a publicidade

Acervo digital: O horror no Carandiru

Secretário – Antes do governador, foi a vez do ex-secretário de Segurança Pedro Franco de Campos falar. Ele também disse que a escalada de violência e o temor de que a rebelião se espalhasse para outros pavilhões foi determinante para que a polícia tomasse a iniciativa de entrar. “Nenhuma dúvida de que havia necessidade de ingresso da PM na Casa de Detenção”, disse.

Na relação de testemunhas de defesa convocadas para esta terça-feira constam duas testemunhas protegidas, que não tiveram a identidade revelada. Uma delas foi ouvida pela manhã a portas fechadas.

Continua após a publicidade

Durante a tarde, os jurados ainda devem assistir aos vídeos com os depoimentos dos desembargadores Ivo de Almeida e Luiz Augusto San Juan França, que já haviam sido ouvidos na primeira fase do julgamento do Carandiru, em abril, e tiveram os depoimentos reaproveitados.

À época do massacre, Almeida era juiz-corregedor e França era titular da Vara de Execução Penal. Ambos participaram das reuniões que autorizaram a entrada da PM no Carandiru.

Início – No primeiro dia do julgamento, o júri, composto por sete homens, ouviu o depoimento do perito Osvaldo Negrini Neto, que elaborou laudos na época do massacre. Ele afirmou que o local do massacre foi alterado antes da realização da perícia.

Continua após a publicidade

O júri também acompanhou vídeos com depoimentos dos sobreviventes Antonio Carlos Dias e Marco Antonio de Moura, e do ex-diretor de disciplina do presídio Moacir dos Santos.

(Atualizada às 16h30)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.