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Filho de Eduardo Coutinho impediu entrada do porteiro no apartamento

Vizinhos afirmam que cineasta chegou a pedir ajuda pelo interfone, mas funcionário do prédio foi barrado pelo filho do cineasta

Por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
3 fev 2014, 17h03

O cineasta Eduardo Coutinho pediu ajuda ao porteiro de seu prédio momentos antes de ser assassinado pelo filho, Daniel. O relato de vizinhos de Coutinho é de que o porteiro, ao chegar ao apartamento do sexto andar, foi recebido por Daniel, que disse estar “tudo bem” e dispensou o funcionário do edifício. Daniel de Oliveira Coutinho, de 41 anos, que segundo a família sofre de esquizofrenia, teve prisão preventiva decretada pela Justiça. A Polícia Civil trabalha com a possibilidade de um surto psicótico no momento em que cometeu o crime.

“Ele abriu um pouco a porta, disse que estava tudo bem e que o porteiro deveria ter se enganado. Como ninguém gritou pedindo ajuda, o funcionário acabou voltando para a portaria”, contou um dos vizinhos, que pediu para não ser identificado. Depois de atacar os pais, Daniel ainda tentou se matar, desferindo facadas contra o próprio corpo. Ensanguentado, ele bateu à porta de outro morador em busca de ajuda.

Quem o atendeu conta que o homem de 41 anos estava sem camisa, com pelo menos dois cortes profundos no peito e no abdômen. Com as mãos sujas de sangue, Daniel tragava um cigarro quando pediu que chamassem uma ambulância. “Ele parecia surtado, falava coisas desconexas. Disse que tinha libertado o pai e a mãe e tentado se libertar, mas que não era a hora dele. Foi uma cena muito difícil”, contou.

O morador, então, correu para chamar os bombeiros, enquanto a mulher dele ficou conversando com o filho caçula do cineasta, tentando acalmá-lo e entender o que havia acontecido. Ao entrar no apartamento de três quartos, o vizinho se deparou com o corpo de Coutinho no chão da sala. Em seguida, viu o interfone sujo de sangue sobre a mesa. “O aparelho havia sido arrancado da parede. Acredito que Daniel viu o pai usando o interfone e arrancou o aparelho da mão dele”, disse.

Depois que os bombeiros chegaram e realizaram os primeiros atendimentos, uma vizinha decidiu entrar no apartamento para procurar Maria das Dores. “Ela disse ter ouvido Dora gemer, dizendo que não queria morrer. Ela estava muito abalada, com sangramento intenso, mas lúcida. A última coisa que pediu foi para não deixarem Pedro, o filho mais velho, ver o corpo do pai no meio da sala”, afirmou.

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Histórico – O vizinho conhece a família há 30 anos e descreveu Daniel Coutinho como uma pessoa “quieta e solitária”. Desde adolescente, o filho caçula do cineasta era introspectivo, mas nos últimos anos manteve-se ainda mais isolado. “Ultimamente, estava pior. Não o via sair de casa há uns três ou quatro meses. Sabemos que ele estava praticamente morando no quarto e só aparecia na porta para receber comida pedida em restaurante”, contou.

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O filho caçula de Coutinho não tinha amigos nem namorada, não trabalhava e, segundo a polícia, sofria de esquizofrenia. O problema, no entanto, era mantida em sigilo pela família. Amigo de Eduardo Coutinho há mais de 50 anos, o também cineasta Luiz Carlos Barreto afirmou que nunca soube de qualquer distúrbio psiquiátrico. “Coutinho era muito discreto. Não falava da família. Eu não sabia do problema do Daniel”, recordou ele, durante o velório no cemitério São João Batista, em Botafogo.

Nem a irmã de Coutinho, Heloísa, de 78 anos, sabia da doença do sobrinho. Comparando-o com o irmão mais velho, ela observa que os dois têm comportamentos totalmente opostos. “Enquanto Pedro planejava tudo, Daniel era sonhador, parecia mais com o pai. Chegou a trabalhar com ele em alguns documentários, mas depois parou. Eu nunca soube o motivo. Ninguém poderia imaginar uma tragédia como essa.”

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