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Fernando Bezerra diz que Dilma sabia de repasses para PE

Ministro da Integração Nacional admitiu ter destinado maior parte da verba antienchente do governo federal para seu estado natal

Por Luciana Marques
4 jan 2012, 14h34

“Não se pode discriminar Pernambuco por ser estado do ministro”, Fernando Bezerra, ministro da Integração Nacional

O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, admitiu nesta quarta-feira que Pernambuco foi o estado que mais recebeu recursos para prevenção de desastres. Bezerra é natural de Pernambuco, cotado para disputar a prefeitura de Recife nas eleições deste ano e provocou desconforto no Palácio do Planalto quando veio à tona a notícia de que ele destinara 90% da verba antienchente do governo para o estado. Chegou-se ao número considerando os valores efetivamente gastos pelo governo para os projetos – de um total de 28,9 milhões de reais para todo o Brasil, Pernambuco recebeu 25,5 milhões de reais. O ministro então interrompeu as férias e convocou uma entrevista coletiva. Para tentar se explicar, Bezerra citou outros números, o valor empenhado em ações de prevenção e destinado aos estados. Dinheiro empenhado não significa dinheiro gasto. Em 2011, o empenho total repassado à unidades federativas foi de 218 milhões. Disso, admitiu o ministro, 98 milhões de reais foram para Pernambuco, ou quase 50%. Do dinheiro empenhado em Pernambuco, 70 milhões de reais foram para a construção de cinco barragens. Ele justificou a liberação dizendo que o estado teve um dos maiores acidentes naturais da história do Brasil, com mais de 80.000 pessoas atingidas. Segundo Bezerra, a presidente Dilma Rousseff sabia de tudo. “Essa priorização desses 70 milhões de reais para construir obras preventivas, como cinco barragens, foi feita em discussão técnica com Ministério do Planejamento, com Casa Civil, com conhecimento de Dilma Rousseff”, disse. “Não existe política partidária, miúda, pequena nisso. Assim como não aceito a descriminação de nenhum estado, não se pode discriminar Pernambuco por ser estado do ministro. Não é correto, não é justo.” Depois de Pernambuco, os estados que mais receberam verbas federais para combate a desastres naturais foram São Paulo, com 40 milhões de reais empenhados, e Espírito Santo, com 16 milhões de reais. Responsabilidade – Bezerra tentou ainda desviar o foco de atenção do Ministério da Integração Nacional, ao dizer que boa parte dos investimentos são de responsabilidade do Ministério das Cidades. “Não se pode fazer leitura dos investimentos do governo na área da prevenção apenas pela leitura da Secretaria Nacional da Defesa Civil”, disse o ministro. “É preciso dizer a verdade inteira, que os recursos de prevenção do governo estão de forma muito mais ampla alocados no Ministério das Cidades.” Por meio de tabelas com números e dados, ele tentou demonstrar que outros estados, como Rio de Janeiro e Santa Catarina, também foram beneficiados pela pasta em 2011. “Vou traduzir a orientação da presidente Dilma Rousseff de fazer correta aplicação de recursos da Defesa Civil, de forma justa e equitativa entre os estados atingidos por desastres naturais.” Férias – O ministro cancelou as férias iniciadas nesta segunda-feira a pedido da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que também deixou a folga para acompanhar a situação das enchentes e o caos em aeroportos no fim de ano. O ministro admitiu que retornou ao trabalho depois da conversa com Gleisi. Ele disse que voltou para poder “checar” as ações do ministério que já estavam andamento em decorrência das enchentes. E deixou claro que a ministra está, sim, supervisionado seu trabalho. “Ministra Gleisi está inteiramente a par dessa nossa exposição”, afirmou. “Tem que ter uma coordenação geral e a ministra Gleisi tem feito isso com muita competência.”

Bezerra afirmou, por outro lado, que não vai aceitar que o ministério perca autonomia. “Quando ele for esvaziado, estou muito longe daqui”, disse. “Não me chame para cumprir meia tarefa.” O ministro disse que conversou com a ministra da Casa Civil duas vezes nesta quarta-feira e terá uma nova reunião com a ministra ainda hoje. Com Dilma, que está de férias na Bahia, ele não conversou nenhuma vez. Em nota divulgada nesta quarta-feira, Gleisi negou ter recebido orientação da presidente Dilma para intervir na execução orçamentária do Ministério da Integração Nacional. “O ministro Fernando Bezerra é e continua sendo responsável pela execução dos programas e projetos daquela pasta”, diz o texto. “Qualquer informação fora deste contexto tem por objetivo disseminar intriga.” Eleições – Bezerra, que pretende disputar a prefeitura do Recife nas eleições deste ano, afirmou que a decisão sobre sua candidatura depende do PT. O atual prefeito da capital, João da Costa (PT), quer tentar reeleição. “Quem tem a primazia na escolha do candidato é o PT, que governa o município”, disse o ministro. “O que estamos buscando é manter unida a Frente Popular, formada por PSB e PT.”


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