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Exército fecha o cerco a QG dos grevistas na Bahia

Força Nacional dobrou efetivo nos arredores da Assembleia. A área está isolada e nenhum outro manifestante pode se juntar aos que estão no prédio

Por Cida Alves, de Salvador
8 fev 2012, 11h51

Os homens do Exército e da Força Nacional fecharam o cerco aos policiais militares grevistas na Bahia. Um grupo de cerca de 300 pessoas está desde segunda-feira acampada dentro do prédio da Assembleia Legislativa do estado, em Salvador, que se transformou no quartel-general dos grevistas. Se na terça o acesso era livre para familiares jogarem sacos de comida e para manifestantes prestarem apoio aos grevistas em frente ao prédio, nesta quarta tudo mudou e o clima é de tensão. A área do entorno da Assembleia está isolada e nenhum outro manifestante ou familiar pode se juntar aos que estão no gramado em frente ao prédio. O tenente-coronel Márcio Cunha afirmou que há uma ambulancia, alimentos e medicamentos para os manifestantes que quiserem sair. Porém, ninguém poderá retornar. Leia também: ‘Cheguei ao limite do limite na negociação’, diz Jaques Wagner Turismo da Bahia fica refém da onda de crimes

O efetivo policial ao redor da Assembleia continua de 1.000 homens – e não 1.300, como foi divulgado anteriormente pelo próprio Exército. A Força Nacional, que ontem tinha vinte homens na região, hoje tem quarenta. Eles fizeram barreiras para limitar o acesso da imprensa, de familiares e de manifestantes ao complexo em que fica a Assembleia. Segundo o tenente-coronel Cunha, as equipes da Força Nacional têm uma atuação temporária e itinerante e os novos homens podem ter sido convocados para alguma operação especifica. Depois, devem retornar para seus pontos de policiamento na capital. Jornalistas agora só chegam perto do prédio após autorização dos militares e são acompanhados por eles de perto. Por volta das 11 horas, o juiz federal José Barroso Filho chegou ao local e entrou no prédio. De acordo com o líder dos grevistas, Marco Prisco, a presença do juiz foi pedida pelo movimento, para ajudar na negociação. O juiz saiu do local depois de cerca de uma hora, mas não quis falar com a imprensa. Um grupo de manifestantes que seguia para a assembleia foi barrado na entrada do complexo. Revoltados, eles ameaçam fechar a Avenida Paralela, uma das principais vias de Salvador, que liga o centro à orla, e fazer protestos em frente à emissora de televisão local e ao aeroporto da cidade. A greve por aumento salarial e pela concessão de gratificações já dura nove dias e provocou uma onda de crimes que já causou mais de 100 assassinatos pela falta de segurança. O governo do estado, que fracassou na terça na negociação para dar fim ao movimento, lançou mão de propagandas no rádio para tentar sensibilizar os grevistas e acalmar os baianos e turistas. Nesta quarta-feira começou a ser veiculado um spot em que o governo explica a proposta feita aos grevistas e declara disposição em negociar. O tenente-coronel Cunha reafirmou que o Exército não trabalha com a possibilidade de invadir a Assembleia Morte de policial – A Secretaria de Segurança Pública da Bahia confirmou na manhã desta quarta-feira a morte do policial militar Elenildo dos Santos Costa, de 34 anos, no Bairro de São Marcos, em Salvador. Ele estava em uma pizzaria e foi morto por volta das 22 horas em uma tentativa de assalto. A PM não confirma se ele participava ou não do movimento grevista. Enquanto isso, um soldado da Polícia Militar deixou na madrugada de quarta a Assembleia Legislativa. O nome dele não foi divulgado, mas os grevistas informaram que ele apresentou-se à Polícia Federal e não está entre as pessoas com mandato de prisão decretado. Os procurados são todos líderes do movimento. No total, deixaram a Assembleia dez adultos (sendo dois fotógrafos e uma mulher grávida) e sete crianças. Há informações de que ainda existem crianças dentro do prédio. A energia elétrica permanece cortada. Negociações – Depois de mais uma exaustiva jornada de negociações na terça-feira, permanece o impasse entre o governo da Bahia e a Polícia Militar. O governador Jaques Wagner levou para a mesa o que diz ser sua maior oferta: o pagamento das gratificações que os policiais pedem até 2015. Segundo o governador, isso representaria um ganho real de 30% no salário dos PMs, hoje de aproximadamente 2 300 reais. Os representantes da categoria não concordaram com a proposta apresentada e sinalizaram que seguirão com o movimento. Os grevistas querem o pagamento das gratificações a partir do mês que vem. O governador, no entanto, afirma que não tem dinheiro no orçamento para pagar as gratificações agora. Também não foram atendidos os pedidos dos grevistas de anistia administrativa para os policiais que estão parados e a revogação dos pedidos de prisão de doze líderes do movimento. O governo aguarda agora uma contraproposta dos grevistas para dar sequencia às negociações.

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