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Ex-diretor do Carandiru diz que presos não tinham armas

Moacir dos Santos relata que PMs "entraram atirando" no pavilhão nove. Para perito, maior parte dos tiros foram disparados da porta para dentro das celas

Por Da Redação
17 fev 2014, 21h20

A terceira etapa do julgamento do massacre do Carandiru começou nesta segunda-feira em São Paulo com o depoimento de duas testemunhas de acusação. O perito Oswaldo Negrini Neto e o ex-diretor de segurança e disciplina do presídio Moacir dos Santos depuseram perante o júri, formado por sete homens.

Quinze policiais militares estão sendo julgados pela morte de oito detentos e pela tentativa de homicídio de outros dois no episódio conhecido como massacre do Carandiru – uma rebelião no pavilhão nove do presídio terminou com a morte de 111 presos, em outubro de 1992. Os réus foram responsáveis por reprimir o motim no terceiro andar do pavilhão.

Durante uma hora e quarenta minutos, Oswaldo Negrini Neto relatou que só conseguiu fazer a perícia no local doze dias depois do incidente, quando não havia nem 10% dos vestígios encontrados nos outros andares. Apesar de o local ter sido preservado para inspeção, ele constatou que a maioria dos tiros foram disparados da porta para dentro das celas. “Mais de 80% dos vestígios mostravam que os disparos foram feitos da entrada das celas”, disse.

O então diretor de segurança e disciplina do presídio, Moacir dos Santos, afirmou que os policias “plantaram” as armas apresentadas após a rebelião e entraram no pavilhão nove disparando contra os presos. Segundo Santos, os policiais militares também “ameaçaram com armas” os funcionários que tentavam socorrer os baleados.

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O advogado de defesa dos policiais, Celso Machado Vendramini, afirmou que os réus serão absolvidos pela ausência do exame de balística. “Se não houve exame balístico não tem como provar quem atirou em quem. Isso é um absurdo”, argumentou. A mesma tese foi usada pela defesa dos policiais militares nas etapas anteriores do julgamento, que terminaram com a condenação de 48 PMs, no ano passado. Em abril de 2013, 23 policiais receberam pena de 156 anos de prisão cada um. Em agosto, 25 policiais foram condenados a 624 anos.

Vendramini também afirmou que quando os agentes chegaram ao terceiro andar do pavilhão, já havia cerca de vinte detentos mortos.”Estava escuro. Os presos atiravam neles e eles revidavam os tiros na direção dos clarões. Nem eles [policiais] sabem se acertaram alguém”, disse.

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Onze testemunhas – seis de acusação e cinco de defesa – devem ser ouvidas até esta quarta-feira. O júri deve ser retomado nesta terça-feira com testemunhas de defesa dos PMs. A previsão é que a sentença seja pronunciada até o final dessa semana.

(Com Estadão Conteúdo)

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