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Ex-assessor de Padilha era ponte, diz sócio do Labogen

Marcus Moura seria lobista do laboratório com órgãos do governo federal, incluindo a pasta da Saúde. Ele receberia salário de R$ 25 mil

Por Da Redação
29 abr 2014, 08h44

Sócio do Labogen, Leonardo Meirelles afirmou na noite de segunda-feira que o ex-assessor do Ministério da Saúde Marcus César Ferreira de Moura foi contratado pelo laboratório justamente para atuar como lobista em órgãos do governo federal, em especial na pasta em que trabalhou. “O Marcus Moura mantinha os contatos institucionais com o Ministério da Saúde”, disse Meirelles. O Labogen é apontado pela Polícia Federal como o carro-chefe do esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato.

O laboratório, controlado pelo doleiro, tentou fechar contrato com o Ministério da Saúde durante a gestão do ex-ministro Alexandre Padilha para o fornecimento de remédios de hipertensão pulmonar no valor de 6,2 milhões de reais por ano – pelo prazo de cinco anos. A parceria foi desfeita logo depois da Polícia Federal deflagrar a Operação Lava-Jato, que desmontou em 17 de março deste ano o esquema de Youssef e apontou suspeitas sobre os negócios do Labogen, entre outras transações do doleiro.

Escutas da Polícia Federal flagraram mensagens de texto do deputado licenciado André Vargas (PT-PR) a Youssef. Uma delas mostra que Padilha havia indicado o nome de Moura para um cargo de comando no laboratório. A mensagem interceptada foi enviada ao doleiro em novembro de 2013.

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Moura havia trabalhado com Padilha no Ministério da Saúde entre maio e agosto de 2011, como assessor de eventos da pasta do governo federal. Também trabalhou na campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010. Padilha, que é pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, nega que tenha feito a indicação. O Ministério da Saúde afirma que nenhum pagamento foi liberado para o Labogen.

Moura passou a atuar no Labogen em dezembro de 2013, segundo Meirelles. O executivo atuava, sobretudo, em Brasília, mas com poderes para deslocamentos pelo país, em nome do laboratório. O sócio do negócio controlado por Youssef diz que o ex-assessor de Padilha não chegou por indicação do ex-ministro, mas sim de outro personagem do escândalo da Lava-Jato.

Segundo o sócio do Labogen, a indicação de Moura foi feita pelo fundo GPI Participações e Investimentos, controlado por Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do governo Fernando Collor (1990-1992). Pedro Paulo, conhecido como PP, é suspeito de integrar o esquema de Youssef.

“Ele (Moura) veio através desse fundo de investimentos. Não tive nenhuma influência (na contratação) e nenhum contato com o ex-ministro (Padilha). Tive reuniões com o Marcus Moura, ele esteve algumas vezes na empresa tomando conhecimento e ciência das nossas atividades. Eu não o conhecia, nunca o tinha visto”, afirmou Meirelles.

O registro em carteira indica que Moura recebia 4.200 reais por mês. “Ele ganhava também uma verba para custear viagens e hospedagens. Após o episódio [início da operação da Polícia Federal, em 17 de março], não tive mais contato com o Marcus”, disse Meirelles. Embora o valor em carteira fosse de 4.200 reais, o vencimento real de Moura seria de ao menos 25.000 por mês.

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O advogado do sócio do Labogen afirma que o trabalho de atuação do laboratório com o governo realizado pelo ex-assessor de Padilha era legítimo. “Todas as empresas têm alguém responsável pelas relações com o poder público”, disse Haroldo César Nater, defensor de Meirelles – o sócio do Labogen também é acusado de integrar o esquema de lavagem do doleiro. “Não há nada de irregular nesse trabalho. Um grupo de investidores que tem interesse no Labogen disse que ele (Meirelles) precisava contratar uma pessoa que pudesse fazer o papel de relações institucionais”, disse o advogado.

Diante do escândalo e da ligação de seu nome ao do ex-ministro Padilha, Moura deve perder o emprego no laboratório. “Estou providenciando o desligamento dele, vou comunicá-lo formalmente. Não temos mais condições de bancar essa despesa”, afirmou Meirelles.

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que assim como Youssef está preso desde março, também é apontado como integrante do esquema que, ao todo, teria lavado 10 bilhões de reais, principalmente enviando dinheiro para o exterior.

(Com Estadão Conteúdo)

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