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Entrevista: senador quer pena de morte para reincidentes

De passagem pelo Senado, Reditario Cassol, lamenta fim do "chicote" para os presos e sugere "forca" para quem não deixar o crime

Por Gabriel Castro
31 out 2011, 10h33

“Não pode ficar do jeito que está. Cometer vinte crimes e ficar numa boa, no presídio. E o povo brasileiro, que trabalha, é quem sustenta”

Apesar de nascido no Brasil e filho de brasileiros, o senador Reditario Cassol (PP-RO) carrega um forte sotaque. Ele foi criado em uma colônia italiana em Santa Catarina por causa da origem de seus avós. O senador fala “ladrón” em vez de ladrão. Escapam-lhe boa parte dos plurais. Faltam-lhe nomes. Ele trata Gleisi Hoffmann apenas como a “primeira ministra” da presidente Dilma Rousseff. De passagem pelo Senado, já que é suplente do filho, Ivo Cassol (afastado para reestruturar o PP no estado), o ex-delegado tem 72 anos.

Em Santa Catarina ele foi vereador pela Arena e delegado. Depois de migrar para Rondônia, seguiu carreira política e foi escolhido pelo regime militar para comandar a prefeitura de Colorado do Oeste. Na curta passagem pelo Senado, suscitou críticas ao pedir a aplicação de “chicote” em presos. Antes disso, havia se destacado por retirar o apoio à CPI da Corrupção, em circunstâncias obscuras. Em entrevista ao site de VEJA, Reditario Cassol defende a pena de morte, pede a redução da maioridade penal e lembra com saudades da ditadura militar.

O que o senhor achou das críticas depois de defender o “chicote” nos presos? Eles entenderam mal. Antigamente até chicote havia. A borracha pegava. Hoje é o contrário. A gente era feliz e não sabia.

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Por quê? Quando eu comandei a delegacia, as coisas eram diferentes. Quando o camarada era preso, ele ia para a cana. As cadeias viviam quase vazias. O preso tinha que prestar serviço. Quando ele não obedecia, o chicote pegava. Depois do fim da pena, nunca mais você via o sujeito de novo. Hoje transformaram o presídio numa creche. Tem do bom e do melhor: comida trocada todo dia, com nutricionista fiscalizando. Tem os direitos humanos lá dentro, do lado deles, esquecendo das vítimas. E ainda com celular, visita íntima e atrás disso a família recebendo um salário de 862 reais, o auxílio-reclusão – esquecendo que as vítimas ficaram sem nada. É uma vergonha. Hoje a polícia prende, o camarada trupica, dá uma esfolada, e vai dizer que polícia empurrou. E o policial é processado. Os culpados somos nós, legisladores, que criamos leis que protegem criminosos.

O senhor propôs uma revisão do Código Penal. Acha que o projeto vai avançar? Vai ser possível, tenho fé em Deus, em pouco tempo. Os malandros, quando são soltos saem dando risada gozando do juiz, delegado, dizendo que as leis de hoje estão a favor dele. O senador que for contra a proposta é porque atrás disso tem algo, alguma coisa aliado com quem não presta. Aquele que tem vergonha na cara não faz isso. Porque lugar de malandro é na cadeia.

O senhor defende chibata para ministro corrupto? Tinha que ter cadeia para eles. Para mim, quem assalta uma casa ou rouba dinheiro público é ladrão do mesmo jeito.

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Mas o filho do senhor responde na Justiça por envolvimento em um esquema de corrupção quando era governador. Era problema dos deputados estaduais. Desafio quem prove que ele fez algo errado. A gente moralizou o estado. Aí eu pedi apoio para a Executiva Nacional do PSDB. Eles, em vez de atenderem o pedido, mandaram um ofício dando quinze dias de prazo para ele sair, senão iria ser expulso. Foi a razão por que saímos do PSDB e nos filiamos ao PP.

O senhor é a favor a redução da maioridade penal? Quando o jovem completa 16 anos, ele passa a ser apto a escolher do vereador ao presidente. Mas os que cometem erros não respondem por eles. De 14 anos para cima, tem de ter cadeia para eles também. Eles precisam ser responsáveis pelos erros que cometem. Tem muito malandro que usa o menor porque sabe que ele não vai preso.

E a pena de morte? Deveriam estabelecer: quem passa a cometer o segundo crime tinha que ir para a forca. É uma realidade. Passa pelo segundo crime, ou que fosse lá o terceiro: forca. Não pode ficar do jeito que está. Cometer dez, vinte crimes e ficar numa boa, no presídio. E o povo brasileiro, que trabalha, é quem sustenta.

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O senhor é de oposição ou aliado? Não vale a pena vir de um estado longe para formar oposição à Presidência e acabar nada levando para seu estado. O que me interessa é fazer as coisas corretas e levar recursos para os estados, municípios, porque o povo precisa das obras e dos benefícios. É muito melhor pelo menos ficar calado. O povo escolheu a mulher. O que vamos fazer?

O senhor foi prefeito nomeado pelo regime militar. Não acha estranho se aliar à presidente Dilma Rousseff, alguém que combatia a ditadura? O Brasil escolheu, o que eu vou dizer? Não adianta fazer crítica contra ela.

E a Lei da Palmada? É uma vergonha nacional. Tiraram o poder dos pais de ensinar. Eu, por exemplo, tenho oito filhos. Os primeiros seis tiveram uma conduta correta, trabalharam desde cedo, nunca me incomodaram. Na escola, havia respeito com as professoras, que podiam botar no castigo. Quem entrou com essa proposta (da Lei da Palmada) é sem-vergonha. Meus filhos mais velhos nunca me fizeram passar vergonha. Ao contrário dos outros dois, que estão dando incômodo até no colégio porque a professora não pode dar um castigozinho e os pais não podem passar a varinha.

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O senhor têm ainda filhos em idade escolar? Um de 10 e um de 14 anos.

Por que o senhor retirou a assinatura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Corrupção? Eu cheguei de viagem, estava no Sul do país. Pediram para eu assinar eu assinei. De tardezinha e no outro dia me ligaram para ir na Presidência ver a realidade. Cumpri o dever de ir lá. Mostraram que já havia 22 figuras botadas para a rua. E estavam fiscalizando mais setores. Ela provou que a presidência estava botando a casa em ordem, agindo corretamente. Porque nos vamos instalar uma CPI no Senado para tumultuar? Era meu dever retirar, porque a presidente estava agindo corretamente.

O senhor conversou diretamente com Dilma? Cumprimentei a presidente e ela passou para a primeira ministra dela.

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A ministra Gleisi? É, a primeira depois dela.

O senhor apoia o regime militar? Eu fiz parte do governo militar e não tinha dúvida nenhuma, achei que eles agiam corretamente. No tempo do militar você não via esses acontecimentos por aí. O troço era aqui, ó (bate na mesa).

E os presos políticos? O preso que cometer erro, roubo, fizer qualquer crime tem que ser considerado como um fora da política. Tem que ter cadeia também para ele, não importa que seja político.

Na época, se encontrasse Dilma Rousseff, então, o senhor a prenderia. Não vamos tocar nisso aí porque eu nem sei a história dela. Não sou disso. O povo escolheu, acabou a história. Se ela era isso ou aquilo, não interessa.

O senhor votou na presidente? Não. Mas também não criei problema nenhum.

Votou em José Serra? Votei, embora o PSDB tenha cometido um erro muito grande conosco. Fazer o que?

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