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Empresas do Rio tentaram fraudar concorrência do BC

Rufolo e Bello Rio, flagradas oferecendo propina, apresentaram propostas quase idênticas e documentos assinados pela mesma pessoa

Por Gabriel Castro
31 mar 2012, 17h53

As empresas Rufolo e Bello Rio se tornaram nacionalmente famosas por causa da didática reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, mostrando o pagamento de propina em contratos da área da saúde no Rio de Janeiro. Representantes das companhias foram filmados negociando taxas de corrupção e tentando fraudar licitações. Uma das manobras incluía acertos entre empresas concorrentes, que dividiam os ganhos com os contratos obtidos. Pois as digitais do bando ultrapassaram os limites do Rio de Janeiro. É o que mostrar

Em outubro, o Banco Central abriu concorrência para escolher uma empresa responsável pelo serviço de limpeza do órgão. A escolhida exerceria a função por pelo menos doze meses. A Rufolo e a Bello Rio entraram na disputa. E as propostas das duas companhias fluminenses têm curiosas semelhanças. Ambas foram apresentadas no mesmo dia, com apenas dez minutos de diferença. Os documentos contêm planilhas praticamente iguais. E os valores iniciais são estranhamente próximos: a Rufolo ofereceu o serviço pelo preço mensal de 348.637 reais. A Bello Rio, por 348.649 reais. Depois, durante o pregão, as empresas entregaram outras propostas, também com valores semelhantes: o menor valor pelos doze meses ficou em 3.728.066 reais na oferta da Rufolo e em 3.729.000 na da Bello Rio.

Mas não é isso o que mais chama a atenção: os documentos apresentados pela Rufolo e pela Bello Rio simplesmente foram assinados pela mesma pessoa: Eduardo da Silva Azevedo. Ele é identificado como representante comercial tanto de uma quanto de outra empresa, o que descumpe as regras do pregão. Também foi Eduardo quem elaborou as propostas das empresas que, em tese, eram concorrentes.

Veja abaixo os documentos apresentados pelas empresas para participar da licitação:

Resposta – O Banco Central afirma que, nos pregões eletrônicos, apenas a documentação da proposta de menor valor é analisada. Dessa forma, a ilegalidade cometida pela Rufolo e pela Bello Rio não chegou a ser detectada. Faria sentido se não fosse por um detalhe: graças à desclassificação de concorrentes, tanto a Rufolo quanto a Bello Rio tiveram os documentos checados.

O pregoeiro Gilberto Cassar da Silva chegou a constatar a intrigante semelhança entre as propostas: “Em análise constante às fls. 573/574 do processo nº 1101517156, a assessoria técnica concluiu que as planilhas da Bello Rio têm uma abertura semelhante às da Rufolo, sendo utilizados semelhantes modelos de planilhas”, alegou. Isso, entretanto, não foi considerado motivo suficiente para a eliminação das concorrentes. Ambas foram retiradas porque o pregoeiro Gilberto Cassar da Silva considerou inviáveis os valores propostos pelas companhias para realizar o serviço.

As empresas fluminenses não responderam às tentativas de contato do site de VEJA. O processo de seleção feito pelo Banco Central se encerrou no mês passado. No fim das contas, uma terceira companhia, a Lincons, acabou vencendo a licitação, e não há indícios de que a empresa tenha sido beneficiada por um acerto de preços com outros concorrentes. Mas a grosseira fraude promovida pelas empresas do Rio de Janeiro prova a ousadia do bando.

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