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Em sessão fechada, pastor é eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara

Marco Feliciano escreveu que os africanos são “acompanhados por uma maldição” e criticou a união civil entre homossexuais

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 mar 2013, 11h55

Depois de uma sessão novamente tumultuada, o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) foi eleito na manhã desta quinta-feira presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Com 11 votos favoráveis e um em branco, o deputado – que fez declarações consideradas racistas e se manifestou contra a união civil entre homossexuais – tentou virar o jogo ao assumir a presidência: “Sei o que é ser discriminado”.

Nas reuniões para eleger o novo comandante da comissão – a primeira, nesta quarta-feira, foi suspensa devido à falta de consenso -, o deputado preferiu não responder às críticas. Na ocasião, manifestantes ocuparam o plenário e tumultuaram a sessão. Desta vez, com a população proibida de entrar no recinto, o pastor afirmou que jamais foi racista.

“Se caso houvesse cometido o crime de racismo teria de pedir perdão para a minha mãe que, apesar de não ter a cor negra, tem o sangue negro, os lábios negros. O coração dela é negro, assim como eu também sou”, disse, logo após ser eleito. Em 2011, o parlamentar escreveu no Twitter que os africanos são “acompanhados por uma maldição desde os tempos de Noé”.

Percebendo que não conseguiriam evitar a eleição do pastor, alguns parlamentares abandonaram a sessão antes do início da coleta de votos. O primeiro a sair, Jean Wyllys (PSOL-RJ), anunciou que não integrará mais a Comissão de Direitos Humanos. “Isso é uma farsa, uma manobra para destruir a comissão. Estou saindo”, afirmou, chorando. O presidente Domingos Dutra (PT-MA) também se retirou. Ele, que ainda estuda se permanecerá ou não no colegiado, culpou o presidente da Câmara pela confusão: “A responsabilidade é toda do Henrique Eduardo Alves. Ele restaurou a ditadura. Isso significa que essa Casa vai ser a do massacre. Massacre ao negro, ao índio, ao quilombola.”

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Em todo o momento houve esforço por parte dos parlamentares contrários à eleição de Marco Feliciano para suspender a sessão. A deputada Érika Kokay (PT-DF) questionou a legalidade do ato convocatório, que não explicitou que a reunião seria a portas fechadas, de forma a evitar a entrada de manifestantes. Em concordância com a correligionária, o presidente da comissão, Domingos Dutra (PT-MA), chegou a se emocionar. “Não aceito. Se o povo brasileiro não pode entrar no plenário, isso é ditadura. Isso é fundamentalismo”, exaltou-se ao microfone. O quórum e a legalidade da ata também foram questionados.

A sessão protagonizou argumentos um tanto pitorescos. O deputado Takayama (PSC-PR), por exemplo, ao tentar amenizar a situação, acabou complicando-a ainda mais: comparou a homossexualidade à zoofilia. “Nós amamos o homossexual, o ser humano. Se o indivíduo quer amar a vaca…”, disse. “Nós amamos o pecador, não amamos a prática das coisas erradas”.

O deputado Pastor Eurico (PSB-PE) afirmou que dentro do plenário acontecia uma perseguição aos religiosos. “Podemos chamar um monte de evangélicos para fazer baderna aqui”, argumentou, ao ser questionada a proibição de manifestantes. E continuou, dessa vez alfinetando o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ): “O nobre deputado tem provado para o que veio. Veio para a bagunça”.

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