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Em meio a guerra no PV, Marina reúne dissidentes em SP

Grupo quer mudar comando nacional, há 12 anos com o mesmo presidente

Por Carolina Freitas
24 mar 2011, 18h09

“Se deixarmos de lado a renovação política dentro do partido, acabou-se a moral para falar de sonhos, de ética, de um mundo mais justo e responsável com o meio ambiente”, Marina Silva

Os verdes estão em pé de guerra. Insatisfeitos com a atuação da executiva nacional do Partido Verde, três correntes da legenda se uniram para lançar um manifesto nesta quinta-feira com exigências de mudança na direção. O movimento “Transição Democrática” une integrantes do Grupo Marina Silva, da ex-senadora e ex-candidata à Presidência, dos Verdes Históricos ou Programáticos, como Alfredo Sirkis e Fernando Gabeira, e os da Segunda Geração, como o presidente do PV de São Paulo, Maurício Brusadin. Em outra trincheira estão os Pragmáticos, como o presidente nacional do partido, deputado federal José Luiz Penna. Em uma demonstração de força, os líderes do movimento reúnem-se na noite desta quinta-feira na capital paulista para ajustar o texto final do manifesto e anunciar sua “tese”, como chamam o documento. Contarão com a presença de sete deputados federais e sete deputados estaduais do PV, além de lideranças locais e nacionais. O grupo prepara ainda caravanas encabeçadas por Marina Silva pelo Brasil para discutir mecanismos de renovação do partido. As viagens começam em 2 de abril, pelo Espírito Santo. Os conflitos começaram um mês antes da reunião da executiva nacional da legenda, em Brasília, em 17 de março. A direção ignorou o apelo do grupo de Marina e dos verdes históricos por uma eleição em 2011 para renovar a executiva. Por votação, decidiram estender até 2012 o mandato de José Luiz Penna e dos demais integrantes da direção. Penna comanda o partido há 12 anos, desde 1999. “Não creio que o aprofundamento da democracia possa ser feito com a supressão da pouca democracia ainda existente”, disse Marina, em nota, nesta quinta-feira. No texto, de duas páginas, a ex-presidenciável ataca a decisão da executiva e conclama filiados e simpatizantes do partido a construírem uma via alternativa. “Se deixarmos de lado a renovação política dentro do partido, acabou-se a moral para falar de sonhos, de ética, de um mundo mais justo e responsável com o meio ambiente. Podemos até continuar falando, mas soará falso, como voz metálica de robô.” Foco de resistência da “Transição Democrática”, o PV de São Paulo sofreu represálias. Na segunda-feira, os dirigentes paulistas foram comunicados por um emissário de Penna que o diretório era considerado inativo e suas decisões não tinham validade. Isso porque a executiva nacional, deliberadamente, não renomeou os integrantes do diretório. A atitude foi vista como mais uma investida autoritária contra as bases do partido. O diretório aguarda agora autorização dos líderes nacionais para realizar eleições diretas e empossar sua direção. “Um partido que se orgulha de defender ideias tão próprias do século 21, como a sustentabilidade, não pode ficar preso a um modelo arcaico de organização”, afirma o presidente do PV-SP, Mauricio Brusadin. “Queremos um partido sem tantos instrumentos de controle. Recebemos 20 milhões de votos nas eleições presidenciais. Isso exige mudanças na forma de funcionamento e no estatuto do partido.” Dívida de campanha – A pressão por mudanças na executiva está relacionada a promessas feitas por Marina Silva durante a campanha em 2010. A ex-senadora apresentou-se como uma alternativa à polarização entre PT e PSDB e insistiu em classificar os adversários como representantes da “velha política”. A “nova política” seguiria um modelo participativo e democrático, em diálogo com a sociedade civil e com articulações supra-partidários – como foi o Movimento Marina Silva. O problema agora é encaixar todo este ideário na realidade do velho Partido Verde. Além de manter o mesmo presidente nacional há 12 anos (serão 13 com a extensão definida na última reunião de executiva), o PV ainda decide a maioria dos chefes de diretórios estaduais por indicação do presidente nacional. Os diretores das representações municipais, por sua vez, são nomeados pelos presidentes estaduais. Difícil imaginar algo menos democrático. O conceito defendido pela “Transição Democrática” vira o modelo atual de ponta cabeça. Os dissidentes querem incluir até não-filiados em decisões da executiva, como a escolha dos dirigentes e a definição de alianças políticas. Um exemplo do que o grupo defende foi a convenção do PV para decidir a posição da legenda no segundo turno das eleições presidenciais de 2010. “Conseguimos, após muita insistência, dar poder de voto à sociedade civil, a não-filiados, a intelectuais, a integrantes do movimento Marina Silva”, lembra Mauricio Brusadin. “Queremos criar a figura de um ombudsman do partido, de pessoas da sociedade que palpitem nas nossas decisões.”

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