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Em crise, Bope faz faxina e manda embora 60 policiais

Uma semana após seis agentes da tropa de elite serem presos por envolvimento com o tráfico, comando geral da PM determina uma das maiores limpas já realizadas dentro da unidade

Por Leslie Leitão 16 dez 2015, 09h42

Menos de uma semana após a Operação Black Evil (Mal Negro, numa alusão ao uniforme da tropa), desencadeada pela Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) e pelo Ministério Público (MP) – que desmantelou uma quadrilha de informantes de traficantes do Comando Vermelho dentro do Batalhão de Operações Especiais (Bope) -, o comandante geral da Polícia Militar fluminense radicalizou e determinou uma das maiores faxinas já feitas na tropa de elite da corporação. No boletim interno de ontem, 60 soldados, cabos e sargentos do Bope foram sumariamente transferidos e espalhados por diversos batalhões do Rio de Janeiro.

Nos últimos dias, o comandante da unidade, tenente-coronel Carlos Eduardo Sarmento, já vinha sinalizando que faria algumas mudanças. Mas a determinação do demissionário comandante geral da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto, que deixa o cargo na primeira semana de janeiro, era para que o corte fosse radical. Foram mandados embora (não houve troca de policiais) dois sub-tenentes, 29 sargentos, 22 cabos e sete soldados. Nenhum oficial foi transferido. “Você faz um curso duríssimo, investe dinheiro em você para conseguir ser aprovado, apanha e é massacrado psicologicamente. De repente alguém vem e manda todo mundo embora sem explicação”, reclamou um soldado novato na tropa.

Policiais do Bope recebem uma gratificação extra de 1 500 reais mensais no salário. Como VEJA já vem denunciando desde fevereiro, agentes da tropa de elite vinham se relacionando com criminosos há alguns anos, chegando a dar treinamento tático de patrulha para bandidos da Rocinha e fazendo a segurança do traficante Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, morto este ano. Essa contaminação do batalhão foi se mostrando um problema ainda mais grave com a descoberta recente de agentes que vendiam uniformes, armas e munições para a quadrilha que domina o Complexo da Maré. A ação da semana passada, provando a conexão do Bope com o Comando Vermelho, foi o golpe final para uma reformulação generalizada.

“Acho necessário que isso aconteça para limpar o batalhão, mas ficamos sem entender o critério estabelecido desta vez. Há policiais com mais de 15 anos no Bope, e outros que chegaram no ano passado”, desabafou um sargento.

Praticamente todos da lista de ontem foram transferidos para batalhões mais próximos às suas respectivas residências. A barca (popularmente conhecida dentro do batalhão como Navio Negreiro), no entanto, pode não ter acabado ainda. Há um temor dentro da unidade de que haja uma outra leva ainda esta semana. Hoje, cerca de 540 policiais são lotados na unidade, mas apenas 370 atuam diretamente nas ações do dia a dia.

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Durante a entrevista coletiva que apresentou o resultado da ação de combate à corrupção, na semana passada, o corregedor da PM, coronel Victor Yunes, chegou a fazer um discurso emocionado e prometeu combater sem tréguas o desvio de conduta dentro da PM e, em especial, na tropa de elite mais famosa do Brasil e considerada uma das melhores do mundo. “Vamos continuar investigando para acabar com essa excrescência”, avisou. Por enquanto, ninguém fala oficialmente que essas transferências tenham relação com qualquer investigação da corregedoria interna ou da Subsecretaria de Inteligência.

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