Em comunicado, Odebrecht se diz ‘indignada’ com prisões
Empreiteira divulga texto em jornais em que busca desqualificar argumentos que levaram executivos para a cadeia
Um dos alvos da 14ª fase da Operação Lava Jato, que levou para a cadeia na sexta-feira Marcelo Odebrecht, presidente da empresa, a construtora Odebrecht divulgou nesta segunda um comunicado nos principais jornais do país em que expressa sua “indignação” com a prisão de cinco executivos da empreiteira. Ao longo do texto, os advogados da empresa buscam desqualificar os argumentos que embasaram as prisões.
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A empresa nega que nada tenha feito para apurar irregularidades indicadas pelas investigações da Lava Jato, como alega o Ministério Público, e afirma que não participou de qualquer cartel. O argumento da empreiteira é de que não poderia haver cartel em processos licitatórios totalmente controlados pelo contratante. Segundo a promotoria, as duas gigantes da construção alvo da 14ª fase da Lava Jato, Odebrecht e Andrade Gutierrez, exerciam papel de liderança no chamado clube do bilhão. Nas palavras do delegado da PF Igor Romário de Souza, os presidentes das duas empresas “tinham domínio de tudo”.
No caso de Marcelo Odebrecht, os investigadores conseguiram rastrear mensagens de e-mail trocadas entre o executivo em que ele discute a contratação de navios-sonda com funcionários da companhia e a possibilidade de sobrepreço de até 25.000 dólares por dia, um indicativo de que já contabilizavam a propina nas negociações de contratos. “O conhecimento do presidente da empresa em corrupção desse porte também se extrai das regras da experiência. O e-mail trocado corrobora tudo isso de modo prático e concreto”, diz a acusação. “Outra evidência da corrupção institucionalizada na Odebrecht é que, apesar das evidências de corrupção avassaladoras e em cascata, a empresa não fez uma investigação interna volta ao esclarecimento dos fatos que a envolvem, não forneceu informações às autoridades, não adotou medidas de compliance e não puniu diretores e funcionários”, completa o Ministério Público no pedido de prisão, acatado pelo juiz federal Sérgio Moro.
Acerca do email, a Odebrecht afirma que mensagens anteriores deixam claro que se tratam de discussões técnicas entre os executivos, sem qualquer ilegalidade. A empreiteira afirma que o uso isolado de uma das mensagens “retirou do seu real contexto a comunicação ocorrida”. A empresa encerra afirmando que está “perplexa e indignada” com as prisões, mas que não se deixará abater. O comunicado expressa ainda solidariedade com as famílias dos executivos presos.
(Da redação)