Em carta, serial killer de Goiânia pede a júri chance para ‘voltar a sorrir’
O vigilante Tiago Gomes da Rocha será julgado na próxima terça-feira pela morte de menina de 15 anos
Conhecido como serial killer de Goiânia, o vigilante Tiago Gomes da Rocha, réu confesso de 39 assassinatos, entregou ao Tribunal de Justiça de Goiás uma carta em que pede compreensão e perdão aos membros do tribunal do júri que decidirão a partir da próxima terça-feira se ele é culpado pela morte de uma jovem de 15 anos – primeiro caso pelo qual ele será julgado. Rocha fala ainda em uma chance para “encontrar a criança” que ele foi no passado e “começar de novo” .
Segundo a Polícia Civil, o vigilante, que foi preso em outubro de 2014, assumiu ter matado 39 pessoas em Goiânia, entre mulheres, travestis e moradores de rua. Na ocasião, a polícia havia montado uma força-tarefa para apurar as circunstâncias em que uma série de mulheres foram mortas em locais públicos da capital. Rocha, no entanto, será levado ao júri pelo assassinato de apenas uma vítima, Ana Karla Lemes da Silva, de 15 anos, que foi assassinada em dezembro de 2013. Essa é a segunda carta que ele entrega à Justiça, pedindo perdão.
No documento que foi anexado ao processo, ele começa se desculpando por não usar a voz. “É que eu me expresso melhor através da escrita”, conta. Depois, faz um apelo aos jurados, dizendo que quer voltar à sua infância e “fazer tudo diferente”. A carta corrobora a tese da defesa do réu de apresentá-lo como um doente mental, ou seja, alguém que não pode ser responsabilizado por seus atos.
“O que vocês veem? Vocês veem um ser humano ou um monstro que a mídia criou? O que vocês fariam no meu lugar? Por que o laudo médido diz que eu supostamente não tenho doença quando na verdade eu preciso tanto de um tratamento?. Por que eles insistem em dizer que sou responsável pelos meus atos quando na verdade tem muitos fatos do meu passado que não me lembro?”, escreveu o acusado. Ele também argumenta que, ao contrário do que apontaram os laudos médicos, sofre de bipolaridade, ouve vozes e tem uma “raiva inexplicável” e um “sentimento incontrolável”.
“No fundo da minha alma, eu peço perdão às famílias pelo que aconteceu, nada vai mudar isso. Já chorei muito pelas vidas que se foram. Mas hoje a única coisa que peço é que tentem me compreender. Compreender meus traumas, minha sede de ajuda”, diz na carta. Ele encerra o texto, pedindo à sociedade que lhe dê uma chance de se “curar e sorrir novamente”. “Quero amar vocês, porque condenar se eu posso ajudar?. Deus abençõe”, diz a última frase.
Rocha foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás por homicídio duplamente qualificado, motivo torpe e utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Laudo divulgado pela Junta Médica do Tribunal de Justiça de Goiás, em fevereiro do ano passado, concluiu que o vigilante sofre de Transtorno de Personalidade Antissocial. Em outras palavras, o exame o classificou como um psicopata capaz de entender os seus atos.
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