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Em ano eleitoral, novo líder do PSDB quer bloco anti-Dilma na Câmara

Deputado baiano Antônio Imbahassy tenta formar um bloco de oposição para aprovar projetos de redução de custos do governo Dilma Rousseff

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 18 fev 2014, 10h12

A Dilma pegou todo o ativo do capital político do Lula e, como era desconhecida, não tinha a exposição de nenhuma fragilidade. Agora, ela vai entrar no processo eleitoral com um cenário bem diferente de quando foi constituído um personagem

Ex-prefeito de Salvador, o deputado Antônio Imbassahy assumiu a liderança no PSDB na Câmara com a missão de tentar fazer os parlamentares tucanos trabalharem pela eleição do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República. Com as bancadas de oposição cada vez mais desidratadas, Imbassahy tenta formar um bloco com o apoio do novo Solidariedade, do deputado Paulinho da Força Sindical, e o PSB, que desembarcou do governo Dilma Rousseff para lançar a candidatura de Eduardo Campos ao Palácio do Planalto. “Tenho me reunido com líderes do PPS, DEM, Solidariedade e PSB e vamos definir esse campo das oposições dentro da Câmara. Vamos fazer uma ação articulada, bem definida e muito firme”, diz. Leia a entrevista ao site de VEJA.

O que o senhor vai defender na liderança do PSDB? Quero manter a sintonia com o sentimento da população brasileira, cada vez mais insatisfeita com os rumos do governo Dilma. É um governo que fracassou na melhoria dos serviços públicos, na modernização da infraestrutura, e que, apesar das promessas de crescimento econômico, temos uma economia há três anos estagnada e que certamente não vai crescer neste ano. A Dilma revelou-se incapaz de conduzir as transformações que o Brasil precisa. Queremos mostrar a diferença daquele personagem que foi apresentado em 2010 pelo ex-presidente Lula e o que ela é na verdade: uma presidente que realizou uma administração medíocre e que não tem liderança.

O que o partido vai colocar como prioridade em um ano curto no Congresso? Identificamos uma pauta específica de assuntos relevantes de interesse de parcela expressiva da população brasileira. Tenho me reunido com líderes do PPS, DEM, Solidariedade e PSB e vamos definir esse campo das oposições dentro da Câmara dos Deputados. Vamos fazer uma ação articulada, bem definida e muito firme. Entre os projetos, há a imediata necessidade de redução de custeio. Temos um governo perdulário, cuja marca é a gastança. Um governo com 39 ministérios, uma coisa absolutamente inacreditável; um governo que ao longo de onze anos criou treze empresas estatais, e as pessoas não sabem quem são elas ou o que elas fazem; um governo que tem mais de 23.000 cargos em comissão e muitos deles para fazer contribuições para o PT. Nós achamos que há espaço suficiente para reduções do custeio e vamos apresentar uma proposta para a Casa Civil na direção de redução de ministérios e das despesas.

O PMDB, maior aliado do governo, já apresentou projeto de redução de ministérios. O senhor vê a possibilidade de o PMDB se rebelar? Se uma presidente sequer tem condições de enfrentar a base, como ela quer continuar governando o país? Olhando o que aconteceu nestes três anos, houve vários momentos em que o PMDB impôs derrotas às propostas que vieram da Presidência. Com o passar do tempo, os próprios deputados peemedebistas percebem que o governo não tem perspectiva e não vai melhorar. Então vai ser uma questão de sobrevivência: ou eles sintonizam com a vontade da população, que diz de forma bem forte que quer mudanças, ou ficarão submetidos a essa pauta imposta pelo PT. Nós estamos conversando com o PMDB há muito tempo e identificamos muita gente insatisfeita. Como a presidente está enfraquecida, ela nada faz. Vamos ver se ela vai ter coragem de enfrentar o PMDB.

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Começamos um ano com risco de apagão e a economia instável. A economia está bagunçada, assim como o setor de petróleo e gás e o setor elétrico – e olha que ela foi ministra de Minas e Energia, então já vem danificando o sistema há anos. Claro que isso é favorável para a oposição. Eu vejo um espaço extraordinário para a gente, porque quando se instala um debate no processo eleitoral, há condições de fazer o contraditório de maneira mais orgânica, e até com mais possibilidade de alcance.

O senhor está otimista… Nós vamos ganhar a eleição. Em São Paulo, a Dilma já estagnou nas pesquisas de opinião, inclusive na simulação de segundo turno. No resto do país, tem a posição de 40 a 45 pontos. Para ganhar no primeiro turno, tem que ter no mínimo 42 pontos, mas acreditamos que ela vai perder votos quando o Aécio e o Eduardo entrarem na disputa. Em 2002, as pesquisas indicavam que 75% da população queria mudanças. Fernando Henrique Cardoso era o presidente e o Lula foi eleito. Em 2010, 65% da população queria a continuidade e o PT se manteve no cargo. Agora, 66% querem mudanças. Há todo um ambiente de exaustão, de cansaço, e a Dilma não é mais novidade. Ela foi apresentada ao Brasil em 2010 com o Lula a colocando como responsável pelo Minha Casa, Minha Vida, como mãe do PAC, pegou todo o ativo do capital político do Lula e, como era desconhecida, não tinha a exposição de nenhuma fragilidade. Passados três anos, ela agora é conhecida pela população brasileira como uma administradora medíocre, que não é líder para fazer transformações. Dilma vai entrar agora no processo eleitoral com essas fragilidades, com um cenário bem diferente de quando foi constituído um personagem. Agora vai ser difícil.

Aécio é bem conhecido em Minas Gerais, mas não nos rincões do país. Ele foi um grande governador de Minas, não há dúvidas em relação a isso. O Aécio tem uma história de vida como político e como administrador. À medida em que ele for sendo mais conhecido, os projetos que estão sendo organizados forem apresentados e as boas práticas que ele implementou forem de conhecimento da população, a nossa confiança é de que a população vai votar nele. Tenho certeza de que não vai ficar como o que está aí.

E a candidatura do Eduardo Campos, que também foi governador e tem bom índice de aprovação em Pernambuco? O Eduardo Campos é um bom governador. Tem um perfil até certo ponto parecido com o do Aécio do ponto de vista de juventude e de tradição familiar na política de governo de qualidade. Veja a dificuldade que a Dilma terá. O Aécio é uma oposição histórica ao PT, muito nítida perante a população. Agora, o Eduardo Campos se incorpora a esse território da oposição e vai ter de fazer um trabalho mais intenso para se identificar com esse eleitorado descontente com a presidente Dilma. Nós estamos bem à frente, estamos em aliança com ele em vários Estados e agora na Câmara iniciamos conversas.

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Não há chance de PSB e PSDB entrarem em rota de colisão? É muito difícil. Nós estamos situados no mesmo ponto e se tem algo muito nítido. O Eduardo e o Aécio não vão mirar um ao outro. Vão mirar a mudança, que é o que o Brasil precisa.

Qual o peso de uma possível condenação do deputado Eduardo Azeredo na campanha do Aécio? Isso é um processo. A Procuradoria-Geral da República (PGR) fez a denúncia, a próxima etapa é a apresentação da defesa e em seguida e a Corte julgar, e o que for decidido será absolutamente respeitado. Mas, sinceramente, não pesa, até porque ainda temos de aguardar a decisão. As pessoas que o conhecem sabem que ele é um homem muito decente. A gente espera que o Supremo Tribunal Federal tome uma decisão justa e, a partir daí, vamos avaliar.

O primeiro ato do senhor na liderança foi entrar com representação contra o vice-presidente da Câmara, o deputado André Vargas (PT-PR), que repetiu o gesto dos mensaleiro para provocar o ministro Joaquim Barbosa. A ação vai avançar? Eu tenho de fazer a minha obrigação. O que o deputado André Vargas fez na sessão de abertura do Congresso foi uma vergonha, uma falta de respeito, um deboche. Ele repetiu o gesto mais de uma vez e ainda enviou uma mensagem dizendo que queria dar uma cotovelada no presidente do STF. O que é isso? Eu fiquei indignado. As ações não passam porque a presidente Dilma controla seus companheiros que ficam fazendo esse tipo de jogo. Mas a gente tem de reagir e sustentar a força do parlamento.

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