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Em ano eleitoral, Dilma evita confronto direto com PSB

Após acusações de uso político de verbas antienchente e troca de farpas entre PT e PSB, Planalto manda caciques petistas saírem em defesa de Fernando Bezerra. Presidente não quer perder apoio da legenda no Congresso

Por Luciana Marques
6 jan 2012, 18h10

Em uma operação abafa, o Palácio do Planalto ordenou parlamentares e ministros a saírem em defesa do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, e do PSB. Bezerra ficou na berlinda após virem à tona acusações de uso político de verbas de prevenção a enchentes. Embora não esteja na lista de regiões com maior risco de inundações, o estado de Pernambuco, berço eleitoral do ministro, recebeu 90% da verba antienchente da pasta.

O caso fez o clima entre PT e PSB esquentar. No Twitter, o secretário de comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), chegou a afirmar que Bezerra “virou as costas para o país para privilegiar o seu quintal”, explicitando uma disputa – até então velada – entre as duas legendas aliadas, que tem como pano de fundo disputas eleitorais.

Os integrantes do PSB dizem que o objetivo das críticas é desestabilizar Bezerra, que tem pretensões políticas em sua terra natal, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, figura em ascensão no cenário político nacional (alvo de cobiça, inclusive, por parte do PSDB).

“Há quem queira o enfraquecimento do ministro para inviabilizar qualquer alternativa no Recife ou em 2014”, diz o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). Ele afirma que o fato de Bezerra ter mudado o domicílio eleitoral de Petrolina para Recife, a fim de ter condições de disputar a prefeitura da capital pernambucana, provocou frisson no PT. O prefeito petista João da Costa quer tentar a reeleição na cidade.

“Criar uma crise nacional por causa de um município só prejudica a unidade em torno da presidente Dilma Rousseff”, afirma Valadares. A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) também critica a postura de petistas: “É uma posição primária e pouco inteligente”.

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Depois das críticas, Campos, que acumula o cargo de presidente do PSB e é padrinho político de Bezerra, comandou a ação de blindagem. O método: dividir com Dilma a responsabilidade – e o desgaste político – pela distribuição dos recursos.

Recuo – O Planalto, então, fez um recuo. Depois de passar por desentendimentos com aliados em 2011, com a queda de ministros do PMDB, do PR, do PDT e do PCdoB, Dilma não quer comprar briga com o PSB. Precisa do apoio do partido para as votações no Congresso Nacional e não pode perder de vista as alianças para as eleições deste ano.

Assim, o presidente do PT, Rui Falcão, divulgou nota nesta sexta-feira dizendo que as relações com o PSB são “as melhores possíveis” e que o assunto já foi devidamente esclarecido pelo ministro junto ao governo. “Para o PT, o episódio está encerrado e não abala nem um pouco as relações políticas com o seu aliado, o PSB.”

Outro que entrou em ação foi o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Durante evento no Recife, na quinta-feira, com a presença de Campos, ele saiu em defesa do ministro. “Investimentos em Pernambuco são indispensáveis e têm apoio do governo federal e da presidente Dilma Rousseff”, disse Mercadante. “Foi uma defesa digna de aplausos”, comemorou um assessor próximo a Campos.

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Até mesmo o deputado André Vargas (PR) achou melhor mudar o tom. “Nunca declarei nada contra o PSB”, afirmou. “O problema não é o Bezerra, mas o modelo do Ministério da Integração e da Defesa Civil.”

Eleições – O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), é outro que tem atuado para amenizar o clima entre petistas e integrantes do PSB. Ele, aliás, é tido, tanto pelo PT quanto pelo PSB, como um nome conciliador para disputar a prefeitura do Recife. Costa não nega a possibilidade de se candidatar, mas diz que prefere continuar no Senado.

Eduardo Campos – que, nos bastidores, afirma que não apoiará o atual prefeito, João da Costa – também tem apreço por um terceiro nome: o ex-prefeito petista João Paulo Lima. O PT decidirá em fevereiro o nome que disputará a prefeitura do Recife. Se a escolha não agradar o PSB, Fernando Bezerra é a carta na manga do governador de Pernambuco.

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