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Eleições 2016: Rumo ao tucanocídio

A disputa interna no PSDB pela candidatura à prefeitura de São Paulo chega ao pior nível em quase uma década e pode beneficiar Haddad na eleição

Por Pieter Zalis e João Pedroso de Campos
22 jan 2016, 20h53

Em briga pela indicação do candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, os tucanos estão próximos de conseguir algo até há pouco tido como impossível: levar o prefeito Fernando Haddad (PT) ao segundo turno. A administração do petista é rejeitada por um em cada dois paulistanos (49% a consideram ruim ou péssima, segundo a pesquisa mais recente do Datafolha). Haddad tem a terceira pior avaliação da história entre os prefeitos de São Paulo, atrás apenas de Jânio Quadros (1986-1989) e Celso Pitta (1997-2000), que chegou a ser afastado do cargo em meio a um escândalo de corrupção que envolvia vereadores e fiscais da prefeitura. No último levantamento sobre a eleição deste ano, o prefeito apareceu com apenas 12%. Mas a situação pode mudar. Desde 2008, o PSDB não chegava tão dividido à eleição para a prefeitura de São Paulo. Naquele ano, Geraldo Alckmin, que tinha recebido 37,5 milhões de votos contra Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno da eleição presidencial de 2006, não passou nem sequer para o segundo turno. O beneficiado de então foi Gilberto Kassab, aliado informal de parte dos tucanos e que acabou eleito prefeito.

Agora, o racha no partido – que analistas e até dirigentes partidários já têm chamado de “tucanocídio”, numa referência ao aparente impulso autodestrutivo que acomete a sigla a cada eleição – pode beneficiar Fernando Haddad.

No campo tucano, nenhum pré-candidato – João Doria Jr., Andrea Matarazzo e Ricardo Tripoli – alcança mais que 5% nas sondagens até agora. Para piorar, nas últimas semanas, as disputas internas entre os três envolveram acusações pesadas nos bastidores. “Desse jeito, vai ser impossível juntar os cacos no ‘day after’ das prévias”, afirma um dirigente partidário que não é diretamente ligado a nenhuma das três pré-candidaturas.

O principal alvo dos ataques é Doria, amigo de Alckmin há mais de trinta anos, mas sem nenhum apoio na “máquina partidária” – ou seja, não tem ligação com os diretórios regionais nem com seus militantes. O empresário entrou na disputa no fim de agosto do ano passado e, em dezembro, ganhou uma declaração de apoio do governador – que agora diz ter sido apenas um elogio, não uma chancela à candidatura. Desde então, Matarazzo, por exemplo, nunca mais falou com Alckmin, nem sequer por telefone. Políticos ligados a Matarazzo e a Tripoli já avisaram ao Palácio dos Bandeirantes que, se Doria for o vencedor das prévias, com segundo turno marcado para 20 de março, não farão absolutamente nada para ajudar na campanha tucana – isso se não decidirem atrapalhar.

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O líder disparado nas pesquisas até agora é o deputado federal Celso Russomanno (PRB), com 34% das intenções de voto. Russomanno, apontam as sondagens, tem agradado sobretudo a eleitores que moram na periferia da cidade, estudaram menos e ganham pouco. É por motivos como esse que a briga entre os tucanos tende a beneficiar principalmente Haddad. Embora tenha perdido o pouco apoio que restava ao PT nas áreas mais afastadas, levantamentos indicam que o prefeito se sai melhor entre os eleitores mais instruídos (20% de intenção de voto, contra a média geral de 12%) e de maior renda (23%) – justamente os segmentos da população que tendem a votar no PSDB. É também em função dessa divisão dos votos que a ex-pre­feita Marta Suplicy (ex-PT, hoje no PMDB) deve brigar muito mais com Celso Russomanno do que com Haddad e o tucano que sobreviver às prévias. A ex-prefeita ainda detém forte apoio na periferia, ao mesmo tempo em que enfrenta alta rejeição no centro expandido.

Nas seis eleições desde que foi instituído o segundo turno, em 1992, São Paulo jamais escolheu seu prefeito na primeira rodada de votação. Se o “tucanocídio” abrir caminho para que Haddad chegue lá contra Russomanno, o debate será para decidir quem é o candidato menos odiado, já que os dois têm rejeição nas alturas. Na última vez em que uma situação parecida ocorreu, em 2000, na disputa entre Marta e Paulo Maluf (PP), deu PT.

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