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Ele é acusado de molestar um menor portador de retardo mental. Ele é padre

Na semana em que o papa aperta o cerco aos pedófilos da Igreja, um sacerdote de Minas é preso, sob suspeita de abusar de um adolescente na sauna de um clube

Por Ullisses Campbell, de Caldas Novas (GO)
10 jun 2016, 21h43

Na tarde de sábado 4, Fabiano Santos Gonzaga, 28 anos e 1,83 metro de altura, bebia cerveja com dois amigos em uma mesa à beira da piscina do Caldas Termas Clube, o mais tradicional da cidade turística de Caldas Novas, no interior de Goiás. A música sertaneja tocava alto e o sol estava escaldante. Fabiano decidiu ir à sauna. No momento em que entrou na sala, havia duas pessoas: um senhor de cerca de 60 anos e um adolescente de 15 – loiro, de olhos azuis, quase da altura de Fabiano, gordinho como um querubim. De sunga, Fabiano sentou-se de frente para o menino, no banco à direita da entrada, ao lado da cascata de água quente. O homem mais velho logo saiu. A cena que se seguiu parte do relato do adolescente, registrado em um inquérito policial que corre sob sigilo de Justiça. Assim que se viu a sós com o menino, Fabiano deixou seu lugar e foi sentar-se ao lado dele. Tentou puxar conversa e, em seguida, beijou-o na boca e segurou seu pênis. Atordoado, o menino levantou-­se para fugir, mas Fabiano não deixou. Correu para bloquear a porta, baixou a sunga e disse ao menino que ele só sairia dali se praticasse sexo oral. Amedrontado, o menino obedeceu, e só depois que “um líquido molhou” sua língua foi que Fabiano deixou o jovem ir embora. O garoto, então, saiu da sauna e correu para lavar a boca no banheiro.

A cena é ainda mais abjeta quando se sabe que Fabiano é um padre católico e sua vítima, um menino portador de retardo mental que faz com que suas atitudes e sua compreensão do mundo se assemelhem às de uma criança de 9 anos de idade. Ele mora com a família em Brasília. É filho único. Seu pai é militar e a mãe, fisioterapeuta. É ela quem relata o que se passou depois que o filho voltou da sauna. Ela o aguardava no restaurante do clube com duas amigas. O menino chegou agitado e disse que queria ir embora para escovar os dentes. Quando ele contou o que havia se passado na sauna, a mãe desesperou-se. Puxou-o pela mão e insistiu para que tentasse encontrar o homem que havia feito aquilo. Não demorou para que deparassem com Fabiano, que tinha voltado para a companhia dos amigos na mesma mesa à beira da piscina: “Por que você fez isso com meu filho?”, perguntou a mãe do menino. Descontrolada, gritou com Fabiano e o xingou. O padre permaneceu calado. A cena chamou a atenção de quem estava por perto, a polícia foi acionada e todos foram para a delegacia.

Católica, a mãe do garoto disse que ficou chocada ao saber que o molestador de seu filho era padre. “Na hora que eu o ouvi declarando a profissão na delegacia, quase morri”, disse. Fabiano foi preso assim que terminou de prestar depoimento. Ele é responsável pela paróquia de Frutal (MG), ligada à Arquidiocese de Uberaba. A paróquia reúne até 200 fiéis nas missas que ele comanda diariamente.

Em um dos depoimentos que deu à polícia, o padre defendeu-se dizendo que não poderia ter abusado do adolescente, já que é heterossexual e celibatário. Mentiu. O padre Fabiano não é uma coisa nem outra, como mostra seu celular, apreendido pela polícia. O aparelho registra conversas eróticas com mais de cinquenta homens desde outubro de 2014. Muitas incluem trocas de nudes, inclusive do padre, que, no mesmo período, marcou encontros com 38 homens. A delegada Sabrina Leles Miranda, responsável pelo inquérito, define o caso com precisão: “Ser homossexual não incrimina ninguém. Mas, nesse caso, o padre está acobertando sua verdadeira orientação sexual para se livrar de uma acusação grave”. Ou seja: a homossexualidade de um padre só é problema para a Igreja Católica, que proíbe tal orientação sexual entre seus pares, mas o abuso sexual de um menor de idade é um problema para toda a sociedade. É um crime.

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Com reportagem de Kalleo Coura e Victor Fernandes

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