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Educação foi o fator que mais contribuiu para aumento de renda dos brasileiros na última década

Elevação do grau de instrução alavancou crescimento entre os mais pobres

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 Maio 2011, 19h03

“Em resumo, é como se o mercado de trabalho para homens e brancos estivesses estagnado, enquanto há expansão para negros e mulheres”, comparou Marcelo Neri

A educação foi o principal fator de elevação de renda para os brasileiros historicamente menos favorecidos na última década. É o que revela o estudo ‘Desigualdade de renda na década’, do pesquisador da Fundação Getúlio Vargas Marcelo Neri. De 2001 a 2009, a renda cresceu 49,52% no grupo dos 20% mais pobres, contra 8,88% dos 20% mais ricos – uma vantagem acumulada de 40,63% para a base da população.

Se forem considerados apenas os avanços proporcionados pela educação na renda dos brasileiros, o contraste é ainda maior: a renda da população mais pobre cresceu 55,6% contra 8,12% dos mais favorecidos.

Brasil atingiu, em 2010, menor patamar histórico de desigualdade de renda

“A educação é, disparado, o principal efeito para a elevação da renda”, afirma Neri. No Nordeste, indica a pesquisa, a renda da população subiu 41,8%, contra 15,8% no Sudeste. Três quartos dessa elevação se devem aos avanços na educação da população nordestina – os demais fatores são programas sociais (chamado de renda não-trabalho).

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Quando o aumento de renda considera apenas o acréscimo proporcionado pelos programas sociais, encontra-se, entre os mais pobres, um crescimento de apenas 14,18% a mais que os mais ricos. A conclusão de Marcelo Neri é de que o ganho com o programa social é quase anulado pela perda na força de trabalho – ou seja, a injeção de dinheiro no orçamento das famílias acaba reduzindo a força de trabalho. A pesquisa identificou uma redução de 14,3% na jornada de trabalho e nas taxas de ocupação e participação no trabalho. “O que você ganha em programa social perde em esforço de trabalho”, diz Neri, frisando não haver comprovação de alguma relação direta entre esses dois aspectos.

O resultado da elevação de renda e da conseqüente disputa por postos de trabalho com maior exigência de qualificação é uma transformação no mercado. “Os setores que estão mais inflados estão na base. OU seja: domésticas, trabalhadores agrícolas e construção civil. Nessas categorias, com regime de trabalho mais antiquado, informalidade e sem direitos trabalhistas, onde se concentram trabalhadores com pouca qualificação, a disputa está acirradíssima”, afirmou Neri.

Como o aumento na educação fez subir o nível de salário, aumentar os salários, a mão-de-obra de baixa instrução está se transformando em peça raça. Um dos exemplos citados por Neri foi o caso das empregadas domésticas, em grande parte ainda com pouca educação. “Elas estão ganhando mais por haver poucas pessoas desempenhando tal função”, disse o pesquisador.

A pesquisa divulgada nesta terça-feira considera, também, o que foi chamado de “desigualdade horizontal”, que consiste em uma análise dos avanços da distribuição de renda entre perfis específicos. Os pesquisadores levaram em conta variações por gênero, raça, escolaridade e regiões do país.

“Em resumo, é como se o mercado de trabalho para homens e brancos estivesses estagnado, enquanto há expansão para negros e mulheres”, comparou Marcelo Neri.

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Gênero – De 2001 a 2009, a renda das mulheres subiu 38%. O aumento no rendimento das mulheres é 17,8% superior ao observado entre os homens, e se explica, segundo o relatório da pesquisa, pelo crescimento da presença das mulheres no mercado de trabalho. Como explicou Marcelo Neri, as mulheres estão “mais presentes” e “mais ativas”, ou seja, cresceram em número e em volume de horas trabalhadas. Apesar do avanço da educação ter sido maior entre os homens, a participação feminina na renda foi compensada pela maior presença do sexo feminino entre os beneficiados por programas sociais.

Raça – A pesquisa de desigualdade constatou também que a renda dos que se declaram “pretos” e “pardos” subiu, respectivamente, 43,1% e 48,5% entre 2001 e 2009. Entre os brancos, o crescimento foi de 20,1%. Agrupados, pretos e brancos têm um crescimento de renda de 19,06%, enquanto pardos e brancos têm aumento de 24,61%. Essa vantagem em relação aos que se declararam pardos se dá, segundo os pesquisadores, em função do “efeito-educação”, que proporcionou uma diferença de 14 pontos percentuais entre os dois grupos.

No Nordeste, a renda do brasileiro, no período estudado, subiu 41,8%, contra 15,8% no Sudeste. Comparando os extremos do Brasil, a renda sobe 46,8% no Maranhão – inicialmente o estado mais pobre do país – contra 7,2% em São Paulo, o estado mais rico em 2001.

Os pesquisadores também se debruçaram sobre as capitais, e constataram que em Teresina, com 56,2% de crescimento, teve o maior aumento de renda. Fortaleza foi a cidade que obteve o maior crescimento de renda nas áreas periféricas, alcançando 52,3%. Comparando esses números com São Paulo, a pesquisa encontrou, na capital, 2,3% de elevação, com 13,1% de aumento na periferia. O padrão de maior aumento nas periferias, em relação à capital, se reproduziu em sete das nove grandes metrópoles brasileiras.

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