Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Doleiro intermediou doações eleitorais para PP e PMDB

E-mails interceptados pela PF mostram conversas entre Alberto Yousseff, preso por lavagem de dinheiro e ligado ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, com empresas que contribuíram para campanhas de partidos

Por Da Redação
7 abr 2014, 09h04

Documentos da Operação Lava-Jato, deflagrada pela Polícia Federal, mostram que o doleiro Alberto Yousseff teria intermediado doações para deputados, como o vice-presidente da Câmara André Vargas, e também para diretórios de partidos. Nos documentos, consta que o PP e o PMDB de Rondônia receberam aportes de dinheiro nas eleições de 2010. Youssef está preso desde o dia 17, por suspeita de comandar um esquema de lavagem de dinheiro. Ele ainda é investigado por suas ligações com o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, também detido pela PF.

As negociações foram flagradas pela PF com a quebra de sigilo de e-mails do doleiro. Em um dos endereços eletrônicos atribuído a Yousseff, ele trata das doações com representantes das empresas Queiroz Galvão e Jaraguá Equipamentos, ambas fornecedoras da Petrobrás em empreendimentos como a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A PF acusa Costa de corrupção passiva em relação a esse projeto da estatal.

Os interlocutores de Yousseff são Othon Zanoide de Moraes Filho, diretor-geral de desenvolvimento comercial da Queiroz Galvão, e Cristian Silva, da Jaraguá. Ambos tratam com o doleiro de dados bancários e emissão de recibos das contribuições eleitorais.

Cruzamentos de documentos mostram correspondência entre os valores mencionados nos e-mails com o montante declarado pelos beneficiários à Justiça Eleitoral. O PP nacional aparece em uma conversa entre Yousseff e Moraes em 17 de agosto de 2010 como destinatário de uma doação 500.000 reais que deveria ser registrada em nome da Vital Engenharia, empresa do grupo Queiroz Galvão. O diretório aparece em outra troca de e-mails entre os dois como beneficiário de 2,040 milhões de reais. Na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PP relata ter recebido 2,240 milhões de reais da Vital Engenharia e 500.ooo reais da Queiroz Galvão.

Continua após a publicidade

O PP baiano foi outro agraciado com doações da construtora que aparece nos documentos da investigação. O diretório é presidido pelo deputado Mário Negromonte, ex-ministro das Cidades e apontado como um dos padrinhos da indicação de Costa na diretoria da Petrobrás. Por e-mail, o executivo cobra de Yousseff um recibo de doação de 500.000 reais. No TSE, há duas doações de 250.000 reais cada.

Leia também:

Mensagens revelam cobrança de André Vargas a doleiro preso pela PF

Continua após a publicidade

PF aponta sociedade entre André Vargas e doleiro preso

O mesmo ocorre com o diretório pernambucano do PP. O executivo pede recibo para uma doação de 100.000 reais. Na Justiça Eleitoral constam três doações – uma é de 100.000 reais.

Parlamentares – Deputados do PP são citados nos e-mails do doleiro. Nelson Meurer (PR) foi beneficiário de 500.000 reais, Roberto Teixeira (PE) recebeu 250.000 reais e Roberto Britto (BA) ficou com 100.000 reais. Todos declararam esses valores ao TSE. Aline Corrêa (SP) aparece em uma mensagem como beneficiária de 250.000 reais. No total, ela declarou ao TSE 350.000 reais. Aline é filha do ex-presidente do PP Pedro Corrêa, condenado no processo do mensalão.

Continua após a publicidade

Também condenado no processo, Pedro Henry (MT) é citado pelo doleiro como beneficiário de 100.000 reais. O valor foi declarado ao TSE. O deputado é ainda beneficiário de uma doação da Jaraguá. Em e-mail enviado por Cristian Silva informa os dados da empresa que devem constar no recibo. A doação registrada no TSE foi justificada no valor de 100.000 reais.

Além dos diretórios do PP, o regional de Rondônia do PMDB é citado nos e-mails de Yousseff. Presidente licenciado em Rondônia, o senador Valdir Raupp comanda o diretório nacional em virtude da licença do vice-presidente da República, Michel Temer. A doação referida nos e-mails consta o valor de 300.000 reais. A prestação de contas do diretório regional informa o recebimento de 500.000 reais da construtora. Um dos recibos apresentados é de 300.000 reais.

“Supresa” – O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), manifestou “surpresa” com a informação de que o doleiro Youssef intermediou doações ao partido. Ele resaltou que não comandava a legenda na época das doações. “É uma figura que eu não conheço. O que eu posso dizer é que o partido está disposto a prestar todo o auxílio a todas as instituições que tratam do caso. Não vou fazer prejulgamentos”, disse. “Temos interesse em esclarecer tudo porque isso pode prejudicar a imagem do partido. Caso tenha ocorrido algum desvio, isso tem de ser apurado.”

Continua após a publicidade

Presidente do PP da Bahia, o deputado Mário Negromonte negou que tenha havido atuação de Youssef na captação de recursos. “Não existe intermediação através do Alberto Youssef. A intermediação foi com a empresa. Sou pernambucano e conheço muita gente da Queiroz Galvão”, afirmou.

O deputado Nelson Meurer (PP-PR) afirmou que a doação foi recebida após um pedido feito por ele ao diretório nacional do partido. “Eu fiz a solicitação ao partido. Até me ligaram para dizer que a Queiroz Galvão só faria a doação de forma legal e eu respondi dizendo que era justamente o que eu queria. Foi tudo pelo partido”, disse o deputado.

Pedro Henry e Pedro Corrêa estão presos. Seus advogados foram procurados, mas não foram localizados.

Continua após a publicidade

Saiba mais:

A marca da ruína na Petrobras vai durar

(Com Estadão Conteúdo)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.