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Dinheiro em troca de aborto

Goleiro do Flamengo evitou o teste de DNA, mas desde o início do caso com Eliza Samudio negociou como se assumisse ser pai da criança

Por João Marcello Erthal
2 jul 2010, 10h02

Depois de acusar o goleiro Bruno de ameaçá-la, Eliza Samudio registrou, em depoimento à polícia, praticamente todo o histórico de encontros com o jogador ao longo de 2009. O relato da jovem, que está desaparecida há três semanas, detalha desde o momento em que os dois se conheceram, num churrasco em 21 de maio, até o momento em que ela deixa o Rio para morar em São Paulo, na casa de uma amiga. Neste período, os dois fizeram sexo apenas três vezes, segundo Eliza contou a polícia. A gravidez ocorreu no primeiro encontro – depois do churrasco – e foi comunicada ao atleta por telefone, no início de julho.

Em seu depoimento à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher, em 13 de outubro do ano passado, Eliza afirma que, ao saber da gravidez, Bruno pediu que ela viesse de São Paulo para o Rio, para uma conversa. Ela conta que, assim que encontrou o jogador, ele fez uma proposta: um “acordo financeiro” para que Eliza fizesse um aborto. A jovem disse que não aceitou. Bruno estava “carinhoso” e, no mesmo dia, segundo ela, os dois fizeram sexo. Ele, no entanto, insistia que não queria a criança.

A temporada no Rio foi dividida em três hotéis – os 15 primeiros no Hotel Royalty, os 10 seguintes no flat Barrabela e, o restante, até 9 de setembro, no Hotel Transamérica.. Bruno teria, então, encontrado com a jovem mais uma vez, mas para ameaçá-la. Eliza afirmou que Bruno foi agressivo e afirmou que “seria capaz de tudo para ela não ter a criança”, e que ele faria qualquer coisa porque “veio da favela”.

No Transamérica, teria ocorrido a primeira agressão, com puxões de cabelo e ameaças para que ela concordasse em fazer um aborto. Como não conseguia convencer Eliza, Bruno mandou um amigo encerrar a conta do hotel e dar a ela 290 reais para que ela fosse para a casa de uma amiga.

A partir de então, Eliza morou de favor. Os dois só voltaram a se encontrar no dia 13 de outubro, de madrugada, quando ele teria insistido para conversarem. Dentro do carro, juntaram-se a eles, segundo Eliza, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão; Marco Antônio Figueiredo, o Russo; e um terceiro homem. Eliza afirmou que Bruno teria apontado para a cabeça dela uma pistola que seria de Russo – um ex-policial militar de Minas Gerais. Bruno teria exigido que ela tomasse o medicamento Citotec, um medicamento com efeito abortivo usado clandestinamente.

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A jovem chegou a ingerir vários comprimidos trazidos por um dos amigos de Bruno e adormeceu na casa do jogador. Para descobrir ela tomou abortivos, a delegada Maria Aparecida Mallet, que registrou o caso na época, pediu uma análise da urina de Eliza. O resultado, porém, só foi apresentado pelo Depatramento Geral de Polícia Técnico Científica da Polícia Civil do Rio (DGPTC) nesta quinta-feira, 1º de julho – oito meses depois da denúncia. O teste encontrou um “grupamento de substâncias consideradas abortivas”, mas, diante da complexidade do caso, foi pedida uma confirmação em novo teste.

O material será enviado para o laboratório da UFRJ, que tem convênio com a polícia, para que seja feita a confirmação. A necessidade de confirmação se deve ao fato de a análise laboratorial poder apresentar resultado positivo também em pessoas que tenham consumido bebidas alcoólicas e cigarros simultaneamente. A previsão é de que o resultado esteja disponível no dia 5.

O laudo sobre a ingestão de medicamentos abortivos é aguardado pela Polícia Civil para concluir o relatório do inquérito que apura supostas ameaças feitas por Bruno contra Eliza. O jogador responde por cárcere privado, seqüestro, ameaça e tentativa de aborto. Por decisão da Justiça, Bruno passou, a partir da denúncia de ameaça, a ser obrigado a manter-se a pelo menos 300 metros de Eliza, que foi morar em São Paulo com uma amiga.

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