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Dilma iniciará segundo mandato ainda em dívida com Lula

Ela não se elegeu calcada na popularidade dele, como em 2010 - mas a participação do ex-presidente na campanha e a vitória apertada podem reforçar o pleito por uma participação maior de Lula no governo

Por Gabriel Castro, de Brasília
29 out 2014, 07h21

A presidente Dilma Rousseff nunca havia disputado uma eleição quando Luiz Inácio Lula da Silva resolveu lançá-la como candidata em 2010. Baseada inteiramente na popularidade do líder petista, ela conquistou seu mandato nas urnas. Era natural que o mentor tivesse uma participação efetiva no primeiro mandato. E que, reeleita, Dilma fizesse uma gestão com menos influência do antecessor. Mas, no momento em que a presidente deveria assumir as rédeas do próprio governo de forma definitiva e adotar uma equipe e um modo de governar próprios, a vitória apertada nas urnas e a perspectiva de um segundo mandato turbulento reforçam o coro por um papel mais presente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no governo.

Em termos de popularidade, os dois primeiros anos de Dilma à frente do governo foram tranquilos: os índices de aprovação eram elevados, comparáveis ao do próprio Lula. Mas as dificuldades de Dilma se tornaram evidentes após os protestos de junho de 2013, quando a insatisfação do eleitorado ganhou corpo. Veio o período eleitoral e a petista se viu seriamente ameaçada – primeiro por Marina Silva (PSB), depois por Aécio Neves (PSDB).

A vitória apertada deste domingo, com um placar de 51,6% contra 48,4% dos votos válidos, foi conquistada depois que Lula intensificou sua militância no segundo turno. Coube a ele a parte mais suja dos ataques a Aécio Neves. Em comícios sem a presença de Dilma Brasil afora, Lula mobilizou a militância petista e ajudou a consolidar votos para a presidente. Se a vitória se deve ao ex-presidente, é impossível medir. Mas é fato que as pesquisas mostraram uma reação de Dilma depois que ele lançou sua ofensiva.

Por isso, a presidente reeleita tem diante de si uma encruzilhada: Dilma, que fui julgada nas eleições pelos méritos e defeitos de seu governo (não mais da gestão do antecessor), possui legitimidade para conduzir o novo mandato mais ao seu modo. O que talvez faltem sejam os meios para isso, já que o capital político dela é insuficiente para levar adiante metas ousadas, como a realização da reforma política.

O presidente do PT, Rui Falcão, defendeu nesta segunda-feira que Lula seja candidato em 2018. O ex-presidente, que poucas vezes dá declarações assertivas à imprensa sobre seu futuro político, só não será candidato nas próximas eleições se não quiser – e, até agora, ele nunca descartou a opção. Se ele concorrer ao terceiro mandato, deve sinalizar isso já em 2017, no terceiro ano de mandato de Dilma. Naturalmente, isso também influenciaria o governo da petista.

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Falcão também já afirmou que, no segundo mandato de Dilma, o ex-presidente terá mais participação. Ele parece verbalizar um sentimento bastante difundido dentro da legenda: o de que, por seu papel na eleição e na reeleição de Dilma, Lula tem direito a um pedaço do governo. Neste domingo, logo após a vitória nas urnas, o ministro Gilberto Carvalho, ligado a Lula, afirmou: “É um milagre nós termos ganho essa eleição com todos esses golpes que nós sofremos nos últimos dias”.

A perspectiva é de um início difícil para o governo de Dilma: sem lua de mel com a opinião pública, com uma base parlamentar mais reduzida do que a do primeiro mandato, em meio às investigações sobre o petrolão e à deterioração do cenário econômico. No segundo mandato, a presidente terá entre seus auxiliares mais próximos o ex-governador da Bahia Jaques Wagner, o ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. Mas, pouco hábil no trato com o Congresso e os movimentos sociais, Dilma terá de contar com o reforço do PT e, claro, de Lula.

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