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Dilma critica juiz da Lava Jato e diz que vazamentos “são eleitoreiros”

Presidente pontou "incorreções" no trabalho do Judiciário e pediu a divulgação de todas as provas pela Justiça

Por Felipe Frazão 11 out 2014, 13h55

Acuada pelos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, delatores da Operação Lava Jato, a presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) fez duras críticas neste sábado à Justiça Federal de Curitiba, que coordena a investigação do megaesquema de lavagem de dinheiro e desvio de verbas que operou na petrolífera e abasteceu, segundo os depoentes, os cofres do PT, PMDB e do PP. A chefe do Executivo nacional, que nunca se posicionou publicamente sobre o julgamento do mensalão no Supremo alegando estar em exercício do cargo de presidente, abandonou as formalidades como candidata à reeleição e apontou “incorreções” no trabalho do Judiciário. Ela também pediu a “divulgação de todas as provas pela Justiça”: “Que se faça uma divulgação ampla, geral e irrestrita”, disse.

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Nesta semana, o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal no Paraná, autorizou a divulgação de parte dos depoimentos dos réus, que não estão sob segredo de Justiça. Os nomes dos políticos beneficiários do esquema foram omitidos, porque sobre esta parte da delação premiada há determinação legal de sigilo. Dilma se mostrou insatisfeita com a negativa do Ministério Público, da Polícia Federal e do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, em repassar por ofício à Presidência cópias dos autos das quais constem a lista da propina e detalhes do funcionamento do esquema.

Sem citar Moro, Dilma fez ressalvas à atuação da Justiça Federal e classificou como “eleitoreiro” o que chamou de “vazamento de informações”. “Eu quero saber todos os envolvidos e não quero vazamentos seletivos. Vazamento seletivo durante campanha eleitoral tem uma característica: é eleitoreiro”, disse Dilma depois de participar de atos de campanha em Contagem (MG). “O que eu acho grave, gravíssimo, é isso não ter o procedimento dentro do ritual que está em vigência. Eu gostaria muito de saber o que o Ministério Público achou da delação premiada, que lá está a maior prova.”

A presidente também cobrou a divulgação de todo o “processo” e a apresentação de “provas”, em mais uma crítica direta ao trabalho da Justiça Federal e do Ministério Público Federal. Segundo a petista, a divulgação de dados dos autos pode comprometer a punição dos envolvidos. Dilma poupou a Polícia Federal, órgão que responde ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT).

“O que eu considero incorreto é que as provas e as denúncias não estão sendo encaminhadas direito nessa fase. Para se divulgar, divulga-se tudo. Nós vamos ver todos os envolvidos para que logo depois da eleição a gente não tenha a surpresa de ver que denunciantes da véspera eleitoral são parte da denúncia [acusados formalmente à Justiça] depois da eleição. Ou não se manipula esse processo e se abre todas as informações, ou se usa com grande prejuízo da democracia brasileira esse processo”, reclamou. “A Polícia Federal não está fazendo vazamento nenhum. É claro que não foi a Polícia Federal. Tem que ter muito cuidado com alguns vazamentos, porque dependendo de como se faz você compromete a prova e a punição.”

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Dilma também disse que não demitirá ninguém antes de ter acesso a provas e que ficou numa “situação dificílima” ao ter acesso aos autos negados pela Justiça. Para Dilma, os vídeos dos depoimentos de Costa e Youssef não bastam: “Tudo é segundo consta, como a gente vê na imprensa. Tem de ter prova”. “Eu não vacilo diante de prova e de cara peço explicação mesmo, quando há indício, e começo a olhar”, afirmou. “O presidente tem de ter uma responsabilidade além de investigar e punir quem quer que seja: respeitar um dos direitos constitucionais e fundamentais, o direito da defesa e da justiça. Eu não posso condenar ninguém sem prova e não farei. Eu não tomarei esse tipo de medida demagógica pré-eleitoral. Eu demito quem tem culpa, não posso demitir quem não tem.”

Sem citar nenhum diretor, prometeu cobrar explicações dos que já foram citados. “Não tem nenhum envolvido nomeado na Petrobras. E os que foram nomeados serão chamados a dar explicação”, disse, embora Sérgio Machado, ainda diretor da subsidiária Transpetro, seja suspeito de ter repassado 500.000 reais a Paulo Roberto Costa como propina.

“Se é verdade que o MP no uso das suas atribuições legais recorreu à delação premiada, se é verdade que a delação premiada foi assinada, ela só vai ser assinada e reconhecida se as pessoas que denunciam mostrarem provas. A delação premiada tem provas o que é crucial para qualquer investigação. O que se quer numa investigação? Só fazer a denúncia púbica? Não. Você quer fazer a denúncia pública e além disso punir. Se faz a investigação, aí não se pune e fica tudo por isso mesmo, aí o ciclo da corrupção, dos corruptos e dos corruptores se repete infindavelmente.”

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