Dilma bate recorde de partidos aliados em ministérios
Presidente fatiou as 39 pastas da Esplanada entre dez legendas, mas não deve garantir um Congresso mais dócil
O ministério que a presidente Dilma Rousseff montou para seu segundo governo contempla dez partidos da base aliada em 39 pastas. São três partidos a mais do que os sete do início do seu primeiro governo. Na época, eram 37 os ministérios – as secretarias da Aviação Civil e da Micro e Pequena Empresa, com status ministerial, foram criadas depois. A primeira abrigou o PMDB, e a segunda, o PSD.
Como Dilma levou para o governo também o PRB, que assumiu a pasta da Pesca em 2012, e perdeu o PSB, que rompeu com seu governo em 2013, ela terminou o primeiro mandato com oito partidos na base. Ao chegar aos dez, agora, bate o recorde no número de siglas no apoio parlamentar a um presidente em toda a história republicana.
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O amplo leque de legendas ao seu redor, no entanto, não vai garantir a Dilma um apoio numérico maior do que o anterior. Pelo contrário. Quando iniciou o governo, em 2011, a base de Dilma tinha 394 deputados (76,8% do total). A atual, montada em cima de uma dezena de partidos, terá 329 (64,1%). A diferença no tamanho da base se deve à fragmentação partidária no Parlamento e ao fato de a oposição ter crescido na última eleição e o governo encolhido. O PT, por exemplo, caiu de uma bancada de 86 para setenta agora.
Quando assumiu o primeiro mandato, em 2011, Dilma herdou do antecessor Luiz Inácio Lula da Silva doze ministros. Desta vez, montou um ministério com poucos integrantes ligados a Lula, entre eles o ministro da Cultura, Juca Ferreira, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, e o ministro da Saúde, Arthur Chioro – os dois últimos remanescentes de primeiro mandato da presidente.
Para montar uma equipe que contemplasse mais partidos da base aliada e tivesse menos nomes ligados a Lula, Dilma enfrentou muitas críticas. Principalmente as vindas de dentro do próprio PT. O senador Jorge Viana (AC), por exemplo, que é amigo de Lula, disse que a fórmula usada pela presidente “é um câncer”. Ele lembrou que Dilma não vai disputar a reeleição. Portanto, na sua visão, ela não precisaria ter agido assim, porque “certamente vai ficar refém dos partidos no Congresso”.
Lista de ministros do segundo governo Dilma:
Fazenda – Joaquim Levy
Planejamento – Nelson Barbosa
Banco Central – Alexandre Tombini
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – Armando Monteiro Neto (PTB)
Agricultura – Kátia Abreu (PMDB)
Ciência e Tecnologia – Aldo Rebelo (PCdoB)
Educação – Cid Gomes (Pros)
Minas e Energia – Eduardo Braga (PMDB)
Defesa – Jacques Wagner (PT)
Aviação Civil – Eliseu Padilha (PMDB)
Esporte – George Hilton (PRB)
Cidades – Gilberto Kassab (PSD)
Portos – Edinho Araújo (PMDB)
Turismo – Vinícius Lages
Cultura – Juca Ferreira
Pesca – Helder Barbalho (PMDB)
Igualdade Racial – Nilma Gomes
Transportes – Antonio Carlos Rodrigues (PR)
Integração Nacional – Gilberto Occhi (PP)
Secretaria-Geral da Presidência – Miguel Rossetto (PT)
Desenvolvimento Agrário – Patrus Ananias (PT)
Relações Institucionais – Pepe Vargas (PT)
Previdência – Carlos Gabas (PT)
Comunicações – Ricardo Berzoini (PT)
Controladoria-Geral da União – Valdir Simão
Casa Civil – Aloízio Mercadante (PT)
Justiça – José Eduardo Cardozo (PT)
Saúde – Arthur Chioro (PT)
Trabalho e Emprego – Manoel Dias (PDT)
Meio Ambiente – Izabella Teixeira
Direitos Humanos – Ideli Salvatti (PT)
Políticas para as Mulheres – Eleonora Menicucci
Gabinete de Segurança Institucional – General José Elito Siqueira
Desenvolvimento Social – Tereza Campello
Comunicação Social – Thomas Traumann
Assuntos Estratégicos – Marcelo Neri
Advocacia-Geral da União – Luís Inácio Adams
Micro e Pequena Empresa – Guilherme Afif Domingos (PSD)
(Com Estadão Conteúdo)