Dilma aguarda entrega da carta de demissão de Jobim

Críticas às ministras Gleisi e Ideli foram a gota d´água para a queda do titular da Defesa, que vinha falando contra o governo há mais de um mês

Por Luciana Marques
4 ago 2011, 14h17

O ministro da Defesa, Nelson Jobim: fim da linha (Dida Sampaio/Agência Estado/VEJA)

A presidente Dilma Rousseff já dá como certa a saída do ministro da Defesa, Nelson Jobim. De acordo com fontes do Palácio do Planalto, Dilma aguarda apenas que ele entregue a carta de demissão – o que deve acontecer ainda nesta quinta-feira. A presidente leu durante a manhã a íntegra da entrevista em que Jobim critica não só o governo, mas também a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Para o ministro, o governo faz “trapalhada”, Gleisi “não conhece Brasília” e Ideli é “fraquinha”.

Dilma conversou sobre o caso com ministros e assessores próximos. “Sempre falei que isso [demissão] ia acontecer, mais cedo ou mais tarde. Ele [Jobim] mesmo sempre falava que não ia ficar muito tempo no governo”, afirmou um peemedebista ao site de VEJA.

A expectativa em Brasília é de que a carta de demissão chegue ainda nesta quinta às mãos de Dilma, já que a presidente viaja na sexta para a Bahia e não quer deixar o assunto pendente. Jobim, no entanto, está em Tabatinga, no Amazonas, e deve chegar à capital só no final da noite. Ao vice-presidente, Michel Temer, que o acompanha na viagem oficial, Jobim negou ter falado mal de Gleisi e de Ideli.

Em nota divulgada por sua assessoria, Jobim voltou a negar que tenha feito críticas à ministra Ideli. “Em momento algum, fiz referência à ela dessa natureza”, disse. Jobim diz que tem trabalhado com Ideli nas negociações para aprovação do projeto que trata do acesso a informações públicas. “Reconheço na Ideli capacidade e tenacidade importantíssimas na condução dos assuntos dentro do Congresso”, destacou.

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O ministro da Defesa classificou as informações veiculadas na imprensa como “parte de um jogo de intrigas” e uma tentativa de desestabilizá-lo. “Isso faz parte daquilo que passa pela cabeça de quem não conhece a necessidade de um país”, afirmou.

Reação – As ministras reagiram às críticas do colega de governo. Gleisi Hoffmann afirmou a assessores que a fala de Jobim é “irrelevante”. Ideli, em nota divulgada em seu blog pessoal, disse que os ataques são “desnecessários”. “Não fiquei chateada até porque eu tenho clareza das minhas qualidades, das minhas potencialidades e das minhas dificuldades”, escreveu Ideli.

Não é a primeira vez que as declarações de Jobim provocam constrangimento à Presidência. Em recente entrevista concedida ao programa Poder e Política, da Folha de S. Paulo e UOL, Jobim criou incômodo no Planalto ao revelar que, nas eleições do ano passado, votou no candidato tucano José Serra, adversário de Dilma. Isso um mês depois de ter feito elogios ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em homenagem a seus 80 anos. Jobim também constrangeu o Planalto na ocasião ao falar de “idiotas”.