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Desaba o ‘circo’ do advogado Ércio Quaresma

OAB abre processo para suspender representante do goleiro Bruno, que aparece em vídeo consumindo crack. Noiva do jogador denuncia ameaças

Por Andréa Silva e Rafael Lemos
17 nov 2010, 18h39

Quaresma acabou atropelado pela repercussão do caso: estatuto da OAB prevê possibilidade de “suspensão preventivaem caso de repercussão prejudicial à dignidade da advocacia”

O ‘circo’ que o advogado Ércio Quaresma armou para defender o goleiro Bruno das acusações de ter seqüestrado e assassinado a jovem Eliza Samudio começa a desabar. Quaresma, que assumiu publicamente ser dependente químico e lutar contra o vício do crack, enfrenta, desde a tarde desta quarta-feira, um processo disciplinar da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Minas Gerais, para investigar se a droga interferiu em seus procedimentos na defesa do cliente. Paralelamente ao escândalo deflagrado pela exibição de um vídeo em que consome crack em um bar de Belo Horizonte, Quaresma é alvo também de acusações da noiva do goleiro, Ingrid Oliveira, que disse, em depoimento à Justiça do Rio de Janeiro, na tarde desta quarta-feira, que foi ameaçada pelo advogado.

Quaresma admitiu, em entrevista ao jornal carioca O Dia, ser usuário de crack e disse estar em tratamento para recuperação – além de preparar um livro sobre o assunto. Segundo ele, os clientes têm conhecimento do problema com drogas, mas “ninguém tem nada a ver” com o que ele faz na vida privada.

O polêmico defensor acabou atropelado pela repercussão do caso – esta, sim, considerada um motivo forte o bastante para afastá-lo da defesa de Bruno. O artigo 70, parágrafo 3º, do Estatuto da Advocacia da OAB (Lei 8.906/94), que prevê a possibilidade de “suspensão preventiva (do advogado) em caso de repercussão prejudicial à dignidade da advocacia”.

Quando assumiu o caso, Quaresma, especialista em criar polêmicas, anunciou, a seu modo, que seus clientes não dariam declarações píublicas. “Meu circo só tem um palhaço, e esse palhaço sou eu”, avisou.

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O presidente da comissão de ética da OAB mineira, Fábio Henri, entrou nesta quarta-feira com pedido de suspensão de Quaresma por 60 dias. As imagens do advogado fumando um cachimbo de crack, exibidas pelo ‘Jornal do SBT’ na terça-feira, serão anexadas ao processo. O presidente nacional da OAB apoiou a atitude da seccional de Minas. “A partir do momento em que o advogado não tem esse cuidado, obviamente fere as disposições do Código de Ética e Disciplina da OAB, que é de obrigação para toda a advocacia”, afirmou.

Além dos problemas que pode ter com a OAB, Quaresma vai enfrentar carga pesada de alguns dos inimigos que cultivou ao longo das investigações sobre a morte de Eliza Samudio. O delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigação e que presidiu o inquérito, evitou comentar o envolvimento de Quaresma com o crack. Mas, no pouco que falou, foi incisivo. “Isso só demonstra que o que ele fala não tem o menor valor”, resumiu Moreira.

Se confirmado o afastamento, Quaresma estará – pelo menos oficialmente – fora do caso no período em que a Justiça decide se os acusados serão levados a júri popular. A previsão é de essa decisão saia até a primeira quinzena de dezembro.

Depoimentos – A Justiça do Rio ouviu, nesta quarta-feira, no 4º Tribunal do Júri, seis testemunhas arroladas pela defesa do goleiro Bruno Fernandes e dos demais acusados de envolvimento no sumiço e na morte de Eliza Samudio. Os depoimentos serão repassados para a Justiça de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.

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A dentista Ingrid Calheiros, que se apresenta como noiva do jogador, foi a primeira a falar. Ela confirmou o depoimento prestado informalmente ao Ministério Público de Minas Gerais em que acusava o advogado Ércio Quaresma de ter ido ao seu consultório e feito ameaças para convencê-la a se afastar do caso. Na ocasião, ele teria dito que não a queria como inimiga e acrescentado: “Eu não sou o advogado do diabo. Eu sou o diabo”.

Ingrid, que a princípio era testemunha de defesa, se tornou a maior pedra no sapato de Quaresma, que chegou a desistir de ouvi-la. No entanto, a juíza Marixa Fabiane Lopes, do Tribunal do Júri de Contagem (MG), intercedeu e a manteve na lista das testemunhas.

Os advogados de defesa também não compareceram ao Fórum do Rio nesta quarta. A juíza Elizabeth Louro, que colheu os depoimentos, foi obrigada a convocar duas defensoras públicas. Uma delas representou a ex-mulher do goleiro, Dayanne Souza, e a outra respondeu por Bruno e os demais acusados.

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