Denarc pode ser extinto no interior de São Paulo
Delegados e investigadores do departamento que deveria combater o tráfico foram presos por repassarem aos bandidos informações sobre ações da polícia
Após a deflagração de uma operação para prender treze policiais do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) por envolvimento com o tráfico de drogas, o órgão poderá ser extinto no interior de São Paulo, de acordo com uma proposta debatida em reuniões internas da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo. A ideia é impedir que os policiais façam atividades fora da capital. Operações locais seriam feitas pelos policiais do interior.
O diretor do Denarc, Marco Antônio Santos, diz que apenas retirar o departamento do interior não é suficiente para aumentar o controle. O diretor disse que ainda haverá mais reuniões na semana que vem até que se bata o martelo sobre a nova estrutura. “Não se quer fazer um trabalho de afogadilho só para dar uma satisfação.”
Santos diz que desde que tomou posse, em fevereiro, a reformulação já era planejada. Além disso, ele diz não ter medo de uma substituição de seu cargo, o que por enquanto não teria sido cogitado. “Não adianta colocar outra pessoa e não mudar a estrutura.”
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Deflagrada na segunda-feira pelo Ministério Público (MP) e pela Corregedoria da Polícia Civil, a operação que resultou na prisão dos policiais começou como uma ação de combate ao tráfico de drogas em Campinas. Por meio de escutas telefônicas do chefe do narcotráfico na região, conhecido como Andinho e que está preso, o MP descobriu que policiais do Denarc estariam envolvidos com traficantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo o promotor Amauri Silveira Filho, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Campinas, os policiais mantinham “contato nefasto” com bandidos e vazavam informações sobre operações da polícia contra o tráfico. Eles atrapalhavam as investigações forjando provas e constrangendo testemunhas e vítimas.
A investigação aponta que policiais extorquiam de 200 000 a 300 000 reais ao ano de traficantes. Dos treze envolvidos, quatro ainda estão sendo procurados. Entre os presos há dois delegados – um deles já liberado pela Justiça -, além de investigadores e escrivães do Denarc da capital e de Campinas.
(Com Estadão Conteúdo)