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Delegado: forte em GO, esquema de Cachoeira buscava ramificações em outros estados

Embora avaliação da CPI seja a de que há uma 'relação intensa' da organização com gestores do governo de Goiás", relator descarta antecipar eventual convocação do governador Marconi Perillo

Por Laryssa Borges e Gabriel Castro
10 Maio 2012, 21h41

Após mais de nove horas de depoimento do delegado da Polícia Federal (PF) Matheus Mella Rodrigues, parlamentares que integram a CPI do Cachoeira aumentaram suas convicções em torno do comprometimento de integrantes do governo de Goiás na organização criminosa coordenada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. As ramificações do esquema, conforme relato do policial à comissão de inquérito, atingiam também setores do governo do Distrito Federal. Havia ainda incursões do grupo de Cachoeira em estados da Região Sul, como o Paraná.

Embora a avaliação da CPI seja a de que há uma “relação muito intensa da organização criminosa com gestores do governo de Goiás”, o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), descarta antecipar uma eventual convocação do governador goiano Marconi Perillo (PSDB). Somente após o depoimento do bicheiro Carlinhos Cachoeira, agendado para o próximo dia 23, é que Cunha pretende avaliar a “conveniência” da oitiva do político tucano.

“O ponto forte foi a confirmação da presença dessa organização criminosa em setores de governos estaduais. Isso merece a nossa investigação. Há uma impregnação muito forte dessa organização criminosa no governo de Goiás”, disse ele. “Há evidências de que a organização criminosa esteve presente em outros governos estaduais também. Há uma preponderância dessa presença, uma cooptação muito intensa em setores do governo de Goiás, mas há presença e cooptação dessa organização no governo do Distrito Federal e há também incursões dessa organização em outros governos. Foi citado, por exemplo, o governo do Paraná”, explicou. Para o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), há indícios de que “Carlinhos Cachoeira se transformou em um megalobista com tentáculos em vários estados”.

No depoimento do delegado à CPI, foi revelado ainda que a construtora Delta, suspeita de ter se beneficiado em contratos a partir de ligações de seus dirigentes com Cachoeira, transferiu 39 milhões de reais para três empresas – JR, Brava e Alberto Pantoja – utilizadas pelo contraventor para lavagem de dinheiro e evasão de divisas a paraísos fiscais no Caribe.

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Depois da informação de indícios do comprometimento de setores do governo goiano e da construtora com o esquema coordenado por Cachoeira, o relator da CPI destacou a importância de ouvir, por exemplo, o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. A convocação do ex-dirigente da empreiteira já foi aprovada pela CPI e ele deve prestar depoimento no dia 29 de maio. “Confirmou nossa percepção de que há uma relação muito intensa entre o Carlos Cachoeira e o Claudio Abreu, reafirmando a tese de que ele seria sócio oculto, com uma relação muito permanente entre eles a partir da Delta Centro-Oeste”, declarou Odair Cunha.

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Arrecadação – No depoimento à CPI, o delegado da Polícia Federal explicou ainda que foi verificado que a quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira arrecadava mensalmente cerca de 1 milhão de reais por meio da exploração de um único ponto de instalação de máquinas caça-níqueis. O policial não soube informar, porém, quantos focos de instalação de caça-níqueis tinha o grupo do contraventor e nem as estimativas de arrecadação total do bando. De acordo com o relato do investigador, responsável pela Operação Monte Carlo, Cachoeira ficava com 30% do que era arrecadado.

Casa – O delegado também reforçou as suspeitas sobre a venda da casa onde Cachoeira foi preso, em Goiânia. O imóvel pertencia ao governador Marconi Perillo, que alegava ter vendido a casa ao empresário Valter Paulo Santiago. Mas a Polícia Federal obteve três cheques repassados por um sobrinho de Cachoeira ao governador no valor total próximo de 1,5 milhão de reais, que teriam sido usados pelo contraventor para adquirir o imóvel.

Novos depoimentos – Por conta da longa duração do depoimento do delegado Matheus Mella Rodrigues, a CPI do Cachoeira decidiu, por unanimidade, adiar para a próxima semana as oitivas dos procuradores Daniel de Rezende Salgado e Léa Batista de Oliveira, responsáveis pelas investigações da operação Monte Carlo.

Nesta quinta, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo, ainda rejeitou pedido do advogado Márcio Thomaz Bastos para que o depoimento de Carlinhos Cachoeira, agendado para o próximo dia 15, fosse adiado.

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