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Delegado: ‘erros grosseiros’ causaram morte de Gabriella

Polícia indiciou onze pessoas pelo acidente que vitimou a adolescente, entre elas o presidente e o vice-presidente do parque Hopi Hari

Por Marina Pinhoni
17 abr 2012, 19h54

A Polícia Civil de Vinhedo, no interior de São Paulo, concluiu nesta terça-feira o inquérito sobre a morte de Gabriella Nichimura, de 14 anos, que despencou de um brinquedo do parque Hopi Hari no dia 24 de fevereiro. Onze pessoas foram indiciadas por homicídio culposo, entre elas o presidente e o vice-presidente da empresa. Em caso de condenação, a pena para o crime vai de um a três anos de prisão.

“Todos os indiciados tiveram responsabilidade pela morte de Gabriela”, afirmou o delegado Álvaro Santucci Noventa Junior. Para ele, houve negligência, omissão, relapso e imprudência por parte do parque. “Uma sequência de erros grosseiros ocasionaram a morte da adolescente”, afirmou.

Entre os indiciados estão os três operadores da atração La Tour Eiffel, da qual Gabriela caiu. O delegado afirmou que eles deveriam ter tido atenção redobrada, tendo em vista que todos sabiam que uma cadeira do brinquedo estava inoperante. “E no dia do acidente era para eles ficarem muito mais atentos, pois a trava dessa cadeira estava abrindo, o que não ocorria nos dias anteriores”, disse o delegado.

Segundo o inquérito, a situação se agrava porque, antes do acidente, um dos funcionários constatou que a trava da cadeira abria. Ele avisou ao supervisor que, por sua vez, não interrompeu o funcionamento da atração. “O supervisor disse apenas para dar prosseguimento e que chamaria alguém da manutenção”. Porém, antes que os técnicos chegassem, houve o acidente.

Manutenção – Segundo o delegado, um procedimento de manutenção foi iniciado no brinquedo no dia anterior ao acidente. Os técnicos reaproveitaram uma peça da cadeira da sessão três que foi usada por Gabriella no conserto de uma outra cadeira, da sessão um, que estava com defeito. Para realizar a troca, era necessário abrir uma trava manual que impedia o uso da cadeira de onde Gabriella caiu. Nos depoimentos, os funcionários afirmam que fecharam a trava.

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“Entretanto, chegamos à conclusão de que esqueceram de fechar essa trava. A cadeira ficou aberta, o que facilitou para que Gabriela se sentasse no local”, disse o delegado, ressaltando que todos deveriam ter checado se a trava estava fechada.

Laudo sobre morte no Hopi Hari aponta falha humana

O supervisor dos técnicos, que é mecânico sênior do parque, estava ciente da operação e da reutilização de peças. “Ele foi negligente, pois, pela magnitude e relevância dos trabalhos executados, se limitou a acompanhar tudo via rádio”, disse Noventa Junior. Para o delegado, o trabalho de manutenção também deveria ter sido acompanhado pessoalmente pelo gerente-geral de manutenção do parque, o que não aconteceu.

Também foram indiciados o presidente e o vice-presidente do Hopi Hari pela não instalação de um dispositivo para alertar que a cadeira do brinquedo não poderia ser usada. A obrigação de instalar alertas que indiquem situações de periculosidade está prevista no Código de Defesa do Consumidor.

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Indução ao erro – Na opinião do delegado Álvaro Santucci Noventa Junior, houve indução a erro na primeira perícia realizada no brinquedo. Quando chegaram ao parque, os peritos encontraram a trava da cadeira de onde Gabriella caiu fechada. Além disso, duas testemunhas indicaram a cadeira errada como sendo a do acidente. “Eu acho sim que alguém fechou aquela trava. Alguém sabia que a perícia estava sendo feita na cadeira errada e não alertou a polícia”, disse o delegado. “Isso gerou uma séria de transtornos. Ainda bem que durou pouco tempo e a foto que a família trouxe apresentou a verdade”.

Entretanto, o delegado não incluiu a possível obstrução de investigação no inquérito. “Por hora, demonstrarei à Justiça que ocorreu um homicídio e quem foram os responsáveis. Posteriormente, o Ministério Público e o Poder Judiciário podem se aprofundar nessa investigação”.

Família – Os pais de Gabriella Nichimura, Armando e Silmara Nichimura, que voltaram para o Japão, onde vivem, mandaram uma nota de agradecimento ao delegado, aos promotores, ao seu advogado e à imprensa. “O indiciamento dessas pessoas não irá fazer com que esqueçamos o pesadelo que estamos vivenciando, mas a Justiça irá demonstrar que os responsáveis não ficarão impunes. Suas consciências carregarão para a eternidade a responsabilidade pela morte de nossa filha”, diz a carta.

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