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Delatores da Lava Jato reforçam a Moro repasses a partidos e políticos

Ricardo Pessoa, Milton Pascowitch e Pedro Barusco prestaram novos depoimentos, na condição de testemunhas na ação penal que tem como réus João Santana e Mônica Moura, entre outros

Por Laryssa Borges, de Brasília, e João Pedroso de Campos
17 jun 2016, 19h29

O empreiteiro Ricardo Pessoa, delator da Operação Lava Jato, voltou a afirmar nesta sexta-feira ao juiz Sergio Moro ter feito caixa dois de campanha para políticos como o atual líder do governo Michel Temer, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), e o mensaleiro Valdemar Costa Neto (PR-SP), e disse que pagava corriqueiramente propinas ao PT por meio do então tesoureiro João Vaccari Neto. Via de regra, o dinheiro era depositado em nome do Diretório Nacional petista e era recolhido de contratos da Petrobras. Pessoa, o lobista Milton Pascowitch e ex-diretor financeiro da UTC Walmir Santana depuseram como testemunhas de acusação no processo que envolve o operador Zwi Skornicki, o ex-presidente da Sete Brasil João Ferraz, o marqueteiro João Santana e a esposa Mônica Moura e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Segundo Ricardo Pessoa, o esquema de arrecadação de propina a diretores da Petrobras e a partidos políticos ocorreu entre 2004 e 2012. No caso da diretoria de Serviços, comandada à época por Renato Duque, o esquema previa 0,5% de propina nos valores dos contratos para executivos da Petrobras e 0,5% para o PT, recolhido por meio de João Vaccari Neto. “[Vaccari] Ia muito ao meu escritório da UTC nos dias de sábado. Eu fazia praticamente um encontro de contas com ele em relação aos contratos. Existia uma certa negociação para transformar em valores absolutos, e a grande maioria foi entregue em forma de contribuições ao diretoria nacional do PT”, disse o empreiteiro, um dos delatores da Operação Lava Jato. Depoimento semelhante foi prestado pelo ex-dirigente da UTC Walmir Pinheiro Santana, também delator.

O lobista Milton Pascowitch, por sua vez, atuava como operador do grupo Engevix e disse em depoimento nesta sexta que, na área política, atuava no repasse de dinheiro sujo ao grupo do ex-ministro José Dirceu, já condenado a mais de 23 anos de prisão na Lava Jato.

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O ex-gerente de Serviços da Petrobras e ex-diretor da Sete Brasil Pedro Barusco foi outro delator da Lava Jato a prestar novo depoimento a Sergio Moro. Notório pela devolução de 97 milhões de dólares desviados dos cofres da estatal, Barusco reforçou a voz ativa de João Vaccari nas negociações de propina em contratos da Petrobras.

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Segundo Barusco, a praxe na diretoria de Serviços da Petrobras era a divisão de 1% ou 2% dos valores dos contratos entre PT e “Casa”, ou seja, ele e Renato Duque. Nas negociações de 29 plataformas dos estaleiros Atlântico Sul e Paraguaçu, encomendadas pela Sete Brasil a Odebrecht, UTC, OAS, Queiroz Galvão, Jurong e Keppel Fels, no entanto, o ex-tesoureiro do PT determinou que, do 1% desviado em cada contrato, dois terços iriam para o partido e um terço seria dividido entre Renato Duque, Barusco e João Ferraz.

“Nessas negociações com Renato (Duque) e Vaccari, achei que estava errada essa divisão”, reclamou Pedro Barusco. Segundo ele, apenas os contratos com o estaleiro Jurong e parte dos acordos fechados com o Keppel Fels, representado por Zwi Skornicki, seriam destinados à “Casa”. Todos os outros contratos abasteceriam o PT de Vaccari, que tinha preferência no recebimento da propina.

Questionado por Moro se seu cargo na Sete Brasil dependia da chancela do PT, Barusco afirmou que Vaccari chegou a ameaçá-lo de que poderia ser retaliado caso reclamasse da divisão da propina. Ele foi indicado ao cargo por Duque e o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli.

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